Em média, 40 carros são roubados por dia em Belo Horizonte

Malú Damázio*
madamazio@hojeemdia.com.br
09/04/2018 às 19:59.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:15
 (Malú Damázio)

(Malú Damázio)

Por dia, cerca de 40 veículos são tomados por bandidos na capital mineira. A média registrada em 2017 é 10% menor se comparada ao ano anterior, mas, ainda assim, desperta a atenção, considerando-se que menos da metade dos automóveis volta para mãos dos proprietários.
Dados da Polícia Civil mostram que, em 2017, 6,8 mil veículos foram recuperados – 46% dos que foram roubados. Muitos dos carros, motocicletas e caminhões levados pelos ladrões são desmanchados e têm as peças revendidas na Grande BH.

A região, inclusive, era o destino dos componentes de motocicletas furtadas por uma quadrilha que atuava no entorno de universidades em Belo Horizonte, principalmente nas regiões da Pampulha e Noroeste.

Três suspeitos foram presos na última semana. Na casa de um deles, em Ribeirão das Neves, foi encontrada uma motocicleta furtada na noite anterior perto de uma instituição de ensino no bairro Lagoinha.

O trio aproveitava o horário da noite, enquanto os estudantes estavam em sala de aula, para praticar os crimes. “Assim eles podiam agir sem se preocupar se tinha alguém chegando”, diz o delegado Thiago Machado, do Departamento de Operações Especiais (Deoesp) da Polícia Civil. Acredita-se que eles gastavam três minutos para ligar os veículos, utilizando uma chave mixa.

Peças eram revendidas nas lojas de autopeças de dois dos suspeitos, uma no bairro Céu Azul, na capital, e no Maria Helena, em Ribeirão das Neves. Outras unidades inteiras eram repassadas para receptadores. Estima-se que, semanalmente, o grupo lucrava R$ 10 mil com o comércio ilícito.

Uma das motos recuperada pelos policiais pertence a um universitário de 24 anos. Comprada há dois anos, não tem seguro e está financiada. “Considerei até trancar a faculdade por um tempo, enquanto não arrumava outro meio para me locomover”, disse o estudante, que pediu para não ser identificado.

O rapaz afirma que dois colegas de classe também tiveram o veículo levado no mesmo dia. “Tinha muitas motos paradas lá, quase 50. Até sabia que estavam levando, mas não achei que seria vítima. Agora não saio com ela até fazer um seguro”.

Os veículos roubados tinham as placas trocadas para serem revendidos sem despertar suspeitas; segundo a polícia, a dupla conhecia os membros da quadrilha que roubava motocicletas nas imediações de faculdades de BH, mas a atuação dos grupos era independente

Sem sorte

Já o estudante Marcio Gabriel Chaves, de 29 anos, não teve a mesma sorte. A moto dele foi roubada na porta da casa da sogra, no bairro São Paulo, região Nordeste, em janeiro. Quinze dias depois, apenas o chassi foi encontrado, junto a outros oito, no Ribeiro de Abreu, mesma região.

“Sou limpador de sofá e a moto era essencial para o meu trabalho, porque carregava meus equipamentos e me locomovia com certa rapidez entre um serviço e outro. Sem condições de comprar outra. Como o seguro não chegou ainda, tive até que pegar dinheiro emprestado”, conta.

Automóveis antigos

Dois homens, de 42 e 47 anos, também foram detidos pela Polícia Civil suspeitos de roubo de carros antigos na Grande BH. Segundo a corporação, a dupla levava modelos das décadas de 1990 e 2000, que são mais fáceis de serem revendidos.

Conforme o delegado Thiago Machado, os homens, moradores de Ribeirão das Neves, repassavam os automóveis a preços baixos. O pagamento era parcelado e as prestações mensais variavam de R$ 300 a R$ 500. “Um deles tinha até um caderninho com o nome de todos que estavam devendo dinheiro. Não haveria problema se alguém deixasse de pagar, porque os veículos eram furtados”.

Aposta

O cadastro de lojas de desmontes e autopeças é uma das apostas da Polícia Civil para coibir os roubos em Minas. Todas as peças deverão ser cadastradas antes da revenda, inclusive com o registro de procedência.

Além dessa ação, o especialista em segurança pública Robson Sávio destaca a necessidade de combate aos assaltantes. “Às vezes, só catalogar as oficinas não é suficiente. Elas mudam de local com facilidade”.

Sobre os roubos nas portas das faculdades, a Polícia Civil acredita que os crimes decorrem da chance de o criminoso “abordar vítimas mais desatentas”.

“Muitos desses centros de ensino estão próximos à boas rotas de fuga, baixa vigilância e uma oferta grande de pessoas menos preocupadas com a segurança”, acrescenta Robson Sávio.

A Polícia Militar foi procurada para falar sobre o assunto, mas não retornou até o fechamento desta edição. 

(Colaboraram Mariana Durães e Ana Júlia Goulart)

 Editoria de Arte 

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