Energias limpas e mudanças de comportamento são alternativas para uma vida mais sustentável

Álvaro Castro – Hoje em Dia
12/06/2013 às 13:45.
Atualizado em 20/11/2021 às 19:04

A segunda mesa redonda do 11 Seminário Meio Ambiente e Cidadania trouxe a discussão sobre alternativas de matriz energética e outras mudanças que podem ser feitas para mitigar os impactos do elevado consumo de energia. Esta mesa redonda foi apresentada pelos conferencistas Mauricio Andrés – secretaria-geral da Agência Nacional das Águas (ANA) e Alexandre Bueno – superintendente de Tecnologia e Alternativas Energéticas da Cemig.

Andrés foi quem iniciou a conversa resgatando um aspecto levantado por Adma Raia na primeira mesa, acerca das ações antropogênicas nas mudanças climáticas. Corroborador desta visão, ele acredita que é neste ponto em que podemos contribuir para transformações assertivas com relação ao tema. Ele destaca que o uso de combustíveis fósseis, muitas vezes associados a questões como emissão de gases e efeito estufa, coincide com um grande pico de desenvolvimento e crescimento de nossa civilização, em um ritmo muito mais acelerado que outros momentos históricos, como na Grécia e Egito. “A discussão de temas ligados ao meio ambiente e sustentabilidade, juntamente com a questão da paz, são extremamente relevantes até para definir o que buscamos enquanto humanidade”, analisou. Para ele existe uma mudança de percepção com relação ao conceito de progresso, considerando as diversas variáveis, como consumo, produção, descarte de resíduos e impacto sobre diferentes variáveis sócio-ambientais.

Por isso, a importância de se defender o uso sustentável e consciente de matrizes energéticas limpas e que sejam essencialmente renováveis. Esta visão também foi compartilhada por Alexandre Bueno, responsável pelo setor de energias alternativas da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

Segundo dados apresentados durante a palestra, enquanto a população cresceu cerca de seis vezes, a demanda por energia cresceu 20. É este o cenário desafiador da busca por soluções por novas matrizes energéticas e opções para a produção de energia, não somente elétrica, para o mundo em crescimento.

“A energia consumida atualmente é essencialmente geradora de conforto. Quando nós compramos um automóvel, compramos uma forma confortável de deslocamento – com duvidas. Quando assistimos TV, é entretenimento”, disse. Por isso, segundo ele, é necessário investir em tecnologia e buscar soluções alternativas, sustentáveis e renováveis para essa produção de conforto e eficiência energética.

Contudo, Bueno alerta que o apelo por energia elétrica renovável no Brasil é pequeno, já que a matriz é essencialmente renovável, em contraposição ao mundo, com grande consumo de combustíveis fósseis. A grande fonte de energia elétrica no país é de origem hidrelétrica, mais de 90% de energia limpa. Porém, ao analisarmos a cadeia produtora e consumidora de energia em escala mais ampla, incluindo a questão do transporte, esse número cai para apenas 46%.

“Caso a demanda de energia no país siga crescendo nos mesmos patamares atuais, precisaremos construir uma nova usina de Itaipu a cada dois anos para suprir o consumo”, alertou. Por isso, a Cemig vem investindo em pesquisas para a implantação de alternativas, como parques eólicos, usinas de energia solar (o Mineirão é um dos projetos piloto, com a utilização de placas fotovoltaicas em sua cobertura).

O potencial de utilização de aproveitamento de energia solar é imenso, segundo dados da Cemig. Um dia de radiação solar é maior do que o consumo anual no planeta. Se 1% da área do estado for coberta com paineis solares, teremos uma produção de energia elétrica quatro vezes maior que o consumo de energia do Brasil. Contudo, a construção seria o equivalente a uma avenida do pontal do Triângulo até o Espirito Santo, com 5 quilômetros de largura e custaria 70% do PIB brasileiro aos preços de hoje, 1,7 trilhão de dólares.

Por essa razão é que ambos os conferencistas defendem não somente a adoção de energias mais eficientes, mas também a mudança de hábitos de consumo. A energia mais barata não é a mais eficiente em produção, mas a energia que se deixa de utilizar. Mais barata e mais limpa, concordaram os dois durante o debate com perguntas do público.

“A exploração e uso de energia causa impactos, em maior ou menor grau e de tipos variados. Ao se licenciar uma nova usina hidrelétrica, ou qualquer outra, é preciso ter uma visão clara destes impactos, não somente naturais, mas também os sobre as populações”, concluiu Andrés.

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