Epidemia de dengue e falta de leitos expõem caos na saúde de BH

Fernando Zuba e Alberto Sena - Hoje em Dia
01/04/2013 às 06:36.
Atualizado em 21/11/2021 às 02:25
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

A epidemia de dengue que afeta a população de Belo Horizonte desde o início do ano deixa em evidência a fragilidade e as graves falhas da rede municipal de saúde. Totalmente comprometido, o sistema está à beira de um colapso. Entre as principais reclamações dos usuários estão a demora excessiva no atendimento, a falta de médicos e, principalmente, a crônica escassez de leitos.

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a capital dispõe de 9.602 acomodações, sendo 5.690 pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O órgão alega que, de acordo com a portaria do Ministério da Saúde (que define a proporção de leitos por habitantes), para atender somente a população da capital, há um superávit de 2.487 leitos.

Porém, informa a secretaria, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), considerando o mesmo parâmetro, há um déficit de 3.075 leitos. A RMBH conta com 11.666 acomodações (entre SUS e privados), quando o necessário seriam 14.741.

Por consequência, o superávit registrado na capital acaba comprometido, uma vez que pacientes de cidades vizinhas e do interior migram e superlotam as unidades de Belo Horizonte.


Encolhimento

O quadro é agravado pela falta de investimentos, alerta a Associação dos Hospitais de Minas Gerais (AHMG). Na última década, a entidade registrou o fechamento de pelo menos oito hospitais na capital. Além disso, destaca que 50% dos leitos de BH são ocupados por pacientes de várias regiões do Estado.

Para reverter a curva de fechamento de leitos da última década, a SMS informou, por meio de nota, que o programa Rede 100% SUS prevê um repasse especial para o custeio de leitos e estabelece, em contrapartida, o cumprimento de metas de qualidade e abertura progressiva de novas acomodações para pacientes, exclusivamente pelo SUS.


Flagrantes

Na última semana, o Hoje em Dia visitou diferentes unidades de saúde da capital, nas quais constatou graves problemas, como a indiferença e o desrespeito ao doentes e também a falta de atendimento qualificado para quem precisa de consulta.

Na UPA do bairro Primeiro de Maio, por exemplo, sobram irregularidades. A dona de casa Neusa Maria Oliveira estava indignada. Com problemas cardíacos, a mãe dela, a aposentada Geralda Venceslau Silva, de 73 anos, estava internada no local há 11 dias, em um quarto com mais dez enfermos, onde aguardava um leito definitivo para ser transferida.

“Primeiro, disseram que minha mãe havia sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Depois, mudaram o diagnóstico e afirmaram que ela estaria com água nos pulmões. Agora, estão falando que ela está com insuficiência cardíaca”, disse, revoltada, a filha da paciente. Para piorar a situação, o aparelho de raio-X estava quebrado e o ortopedista havia faltado.

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