Escola de Saúde Pública promove capacitações e debates sobre agroecologia

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02/10/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:48
 (Jonathan Guimarães/Divulgação)

(Jonathan Guimarães/Divulgação)

Debater e transmitir conhecimentos sobre a importância de produzir alimentos pelos sistemas agroecológico e agroflorestal. Recentemente essa atividade fez parte da Oficina de Vigilância e Promoção à Saúde em Áreas de Reforma Agrária, coordenada pela Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG).

A agroecologia não utiliza insumos químicos no cultivo de alimentos, que se dá em harmonia com a natureza e a cultura local. E o mais importante: aqueles que aderem a essa prática passam a oferecer e a consumir uma alimentação mais saudável.

Participaram do primeiro módulo da oficina, em Belo Horizonte, 32 trabalhadoras assentadas/acampadas integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) de oito regiões mineiras e 28 servidores do Sistema Único de Saúde (SUS), vinculados à Atenção Básica, à Vigilância em Saúde e à Saúde do Trabalhador.

Demanda

O curso, voltado para integrantes do MST, é uma demanda do próprio movimento, de acordo com a bióloga e professora da ESP-MG, Ana Flávia Quintão. 

“Quando a pessoa está no campo, produzindo alimento de forma convencional, ela fica em contato direto com as substâncias tóxicas e, muitas vezes, sem informação, inclusive sobre os equipamentos de proteção individual necessários para aplicação dos agrotóxicos”, explica.

Segundo a também bióloga Juliana Santos, da Superintendência de Educação e Trabalho em Saúde, os representantes do MST solicitaram à ESP-MG, uma oficina em que os trabalhadores pudessem discutir temas como agrotóxicos, a relação com a saúde, agroecologia e saneamento ambiental.

“A partir daí foi possível construir a proposta da Oficina de Vigilância e Promoção da Saúde em Áreas de Reforma Agrária, com a participação do movimento social e de docentes indicados por eles, utilizando metodologias que dialogam com as potencialidades, desafios, dificuldades e perspectivas”, argumenta Juliana.

Primeiro lugar

O Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos, mas é crescente a procura da sociedade pelos alimentos chamados orgânicos ou agroecológicos, apesar de a produção ser ainda pequena, o que eleva os preços.

Conforme a professora Ana Flávia, o primeiro módulo de capacitação dos integrantes do MST foi encerrado numa aula prática na fazenda Mangueiras, em Florestal, na região metropolitana, que trabalha com o sistema agroflorestal, considerada uma técnica da agroecologia.

“Com esse sistema cultivam-se várias espécies em um mesmo canteiro, incluindo hortaliças, leguminosas, frutas e árvores lenhosas, de forma simultânea, gerando uma série de benefícios, como a recuperação do solo e a produção de alimentos saudáveis”, afirma Ana Flávia.

Cultivo agroflorestal é arma contra falta de água em propriedades rurais e efeito estufa

O cultivo agroflorestal tem muitas vantagens: aumenta a produção de alimentos, a vegetação e, consequentemente, a água nas propriedades rurais, bem como ajuda na absorção de CO2 (mais conhecido como gás carbônico) da atmosfera, que contribui para o efeito estufa e, consequentemente, para o aquecimento global.

Além disso, amplia a biodiversidade nos territórios, pois essa produção se dá numa lógica diferente do monocultivo, protegendo solo e recursos hídricos da contaminação por agrotóxicos.

“É preciso utilizar melhor os recursos naturais, criar ambientes mais saudáveis e, assim, prevenir inúmeras doenças”, reforça a professora Ana Flávia.

Atividades

Antes de voltarem a Belo Horizonte para o segundo módulo, os participantes do MST vão desenvolver atividades práticas relacionadas aos temas discutidos durante as oficinas, conforme acertado entre alunos e professores.

Essas atividades serão realizadas de modo que ampliem a interlocução entre os trabalhadores do SUS e as comunidades do MST.

“Esperamos que seja também um momento para multiplicação dos conhecimentos construídos nas oficinas, bem como de novos apontamentos a serem trazidos para o próximo módulo previsto para outubro”, aposta a bióloga Juliana Santos.

A expectativa da ESP-MG é fazer com que haja cada vez mais a difusão de práticas sustentáveis na sociedade.

Além Disso

O tema da agroecologia associado à técnica agroflorestal, produção de orgânicos e agricultura familiar, vem sendo trabalhado pela professora Ana Flávia Quintão nas pós-graduações lato sensu Direito Sanitário e Especialização em Saúde Pública, ambas oferecidas pela Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais.

O foco da disciplina Saúde e Ambiente – ministrada nos cursos – é discutir a relação entre a saúde humana e os aspectos ambientais nos quais as comunidades estão inseridas.

Nesses aspectos encontra-se a produção de alimentos pelo agronegócio, com o uso excessivo de agrotóxicos, prática que acarreta problemas de saúde, tanto para quem produz, quanto para quem se alimenta dessa produção.

A discussão também passa pelo modelo de consumo atual, as atividades de mineração, as alterações climáticas e a relação desses aspectos com o adoecimento das pessoas.

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