Escolas de Belo Horizonte se reinventam e resistem ao tempo

Danilo Emerich - Hoje em Dia
30/08/2014 às 08:55.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:00
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Qual o segredo para as instituições de ensino sobreviverem ao teste do tempo, com algumas delas ultrapassando a barreira de um século de existência? Além de contarem parte da história de Belo Horizonte, tradicionais colégios precisaram se reinventar, mas sem perder os valores originais, para continuar funcionando.   Das cerca de 1.500 unidades de ensino da Grande BH, 80 têm mais de 40 anos, segundo o presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais, Emiro Barbini, sendo duas centenárias: Arnaldo e Sagrado Coração de Jesus.    Com o surgimento de grandes aglomerados educacionais em 1970, explica Barbini, os colégios mais antigos, principalmente os religiosos, perderam grande parte de seus alunos ou foram fechados. “Quem sobreviveu foi obrigado a modernizar o ensino e a contratar gestores e docentes não religiosos. Os que resistiram a esse processo de profissionalização fecharam”.   Renovação   Uma das unidades que se reinventaram foi o Colégio Santo Agostinho, que completa 80 anos neste mês. A instituição dá nome ao bairro que se formou ao seu redor. Para o diretor da unidade, Francisco Morales, os pilares fundamentais para uma escola se manter são a coerência com os valores originais, a adaptabilidade ao tempo e a manutenção da qualidade do ensino técnico e humano.   O promotor Eduardo Nepomuceno, ex-aluno do Santo Agostinho, diz ter buscado justamente essas qualidades para matricular os dois filhos no colégio. Ele conheceu a mulher, a professora Fernanda Froes, na mesma escola, além de parte da família também ter estudado lá. “Não é qualquer colégio que oferece essa qualidade no ensino e esses valores”, afirmou.   A mesma opinião tem a enfermeira Viviane Regina Dias e Silva, de 39 anos. As filhas dela integram a quarta geração da família no Colégio Sagrado Coração de Jesus, instituição privada mais antiga de BH, com 103 anos. “Foi justamente essa tradição que procurei para minha filha”, disse. A mãe dela, Maria Regina Dias e Silva, chega a se emocionar ao lembrar das amizades e histórias vividas no local, originalmente um internato feminino.   Retomada   A diretora administrativa do Coração de Jesus, Adriana Vilaça, reconhece que o colégio teve um momento ruim e que perdeu muitos alunos. Primeira não religiosa à frente da instituição católica, ela atribui a renovação ao processo de retomada dos anos de ouro da escola. “Mantivemos a postura e os princípios originais, mas nos atualizando”, diz.   O Colégio Arnaldo, com 102 anos, é outro que passa pela mesma situação. O diretor Geraldo Júnio, também o primeiro não religioso da unidade, diz que os desafios no ensino hoje são diversos. Ele afirma que houve uma mercantilização da educação e, devido à forte concorrência, houve um processo de fechamento de várias instituições a partir do ano 2000. “A educação é algo subjetivo, ideológico e até político. A própria tradição é uma segurança, mas ela não pode ser entrave para a modernização”.

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