Estrangeiros jovens lotam os 15 albergues de Belo Horizonte

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
21/06/2014 às 07:26.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:05
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

Boa parte dos visitantes estrangeiros que desembarcaram em Belo Horizonte por causa da Copa do Mundo é formada por homens jovens, que viajaram em turma e estão interessados em conhecer o máximo possível de pessoas. Para eles, a melhor hospedagem é o albergue – ou hostel, como é conhecido internacionalmente.
 
Em BH, os poucos espaços dedicados a “mochileiros” estão lotados desde o início do Mundial. Neste fim de semana, especificamente, são os argentinos os principais hóspedes.
 
No Collaborate Design Hostel, no bairro São Pedro, os 45 leitos estão ocupados por torcedores da Argentina. Mas nem todos nasceram no país vizinho. O professor de história Michele Gallagher, de 36 anos, nasceu em Nova York, mas se tornou torcedor da celeste depois de morar em Buenos Aires, em 2010.
 
“Nos Estados Unidos, eu jogava soccer. Na Argentina, descobri o que é o futebol. Foi lá que me apaixonei pelo esporte”, afirmou o professor, que vai assistir a Argentina x Irã hoje, no Mineirão, e viajar pelo país para ver os jogos de oitavas, quartas e semifinal, além da finalíssima no Maracanã.
 
O sócio-proprietário do Collaborate, Tiago Cardoso, de 28 anos, explicou que o público recebido durante o Mundial é atípico. “A Copa é sazonal. Recebemos um público que Belo Horizonte nunca mais vai receber. Enquanto normalmente as pessoas vêm para o turismo cultural, especialmente pelo Inhotim, durante a Copa só há homens interessados em futebol”, disse.
 
Também no São Pedro, o Sorriso do Lagarto está com mais de 80 hóspedes – todos homens. Além dos argentinos, há belgas, australianos e peruanos.
 
Um deles é o estudante argentino Matias Pita, de 23 anos, que se encantou com Belo Horizonte em apenas um dia. “Na Argentina, as pessoas costumam dizer que os brasileiros não gostam de nós. Mas não é verdade. Estou me sentindo em casa, todos são muito amáveis”, disse o rapaz, que pretende procurar emprego na capital mineira.
 
O empresário belga Philippe Proost, de 29 anos, veio para assistir Bélgica x Argélia e se prepara para voltar ao Rio de Janeiro. “Estou apaixonado pela Savassi. E achei os mineiros muito mais receptivos do que os cariocas. No Rio é tudo muito voltado para o turismo”, observou.
 
Promessa de crescimento
 
Há uma década, Belo Horizonte tinha apenas dois albergues. Agora são 15, um número ainda pequeno se comparado a outras grandes cidades brasileiras. Mas o negócio tende a crescer.

“É um mercado difícil porque o turismo de BH está sendo descoberto agora. O Inhotim e o Circuito Cultural da Praça da Liberdade estão contribuindo muito para isso”, afirmou o designer Tiago Cardoso, que abriu o Collaborate interessado em um mercado de albergues mais confortáveis e bonitos na decoração e arquitetura.
 
Segundo ele, a Copa definitivamente vai transformar o universo do turismo na capital. “Os colombianos foram embora tristes no domingo, porque queriam ficar mais. Prometeram voltar em breve”, lembrou.
 
Espaço foi inaugurado na véspera do Mundial
 
Formado em Relações Internacionais, Henrique Dornas Dutra, de 26 anos, alimentou por anos o sonho de criar um hostel aliado a um bar. A Copa do Mundo foi uma das principais motivações para que criasse o Allbargue, localizado no bairro Carmo.
 
Mesmo sem divulgação em sites de reserva – apenas em redes sociais –, o albergue conseguiu atrair turistas estrangeiros. O primeiro dia de funcionamento do bar foi em 3 de junho e, no dia 12, já contava com hóspedes. “No primeiro dia, recebi três chilenos, que não quiseram sair mais de Belo Horizonte. Decidiram ficar até o fim da Copa”, contou Dutra.
 
Neste momento, seus principais clientes são os argentinos, que vêm fazendo festa desde o início da semana. “É do hostel para a Savassi, da Savassi para o hostel. Pessoal daqui é muito divertido”, disse o gráfico Lucas Martin, de 31 anos.
 

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