Estudantes da rede estadual leem e escrevem melhor

Izabela Ventura e Raquel Ramos - Hoje em Dia
19/02/2014 às 08:00.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:07
 (André Brant/Hoje em Dia)

(André Brant/Hoje em Dia)

Mais de 90% dos estudantes da rede estadual submetidos no fim de 2013 ao Programa de Avaliação da Alfabetização (Proalfa) têm o nível de letramento recomendado. No entanto, as escolas municipais ainda deixam a desejar, com menos de 80% dos alunos no padrão adequado.   O Proalfa foi desenvolvido pelo governo de Minas para verificar a capacidade de ler, escrever, interpretar e sintetizar textos de meninos e meninas do 3º ano do ensino fundamental. A prova é aplicada pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF).   O resultado divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Educação (SEE) mostra que 92,3% dos alunos atingiram o patamar recomendado. Um aumento de cinco pontos percentuais em relação a 2012, quando o nível foi de 87,3%. Em 2006, ano de lançamento do Proalfa, o percentual de estudantes no padrão ideal era de 48,6%.   Para a vida   A nota média atual dos alunos é 619,4, em uma escala que varia de zero a mil. Quem tira 500 pontos ou mais está no nível recomendado.    A secretária de Estado de Educação, Ana Lúcia Gazzola, comemora o fato de o percentual de estudantes com desempenho baixo e intermediário ter caído, respectivamente, 2,2 e 2,8 pontos percentuais, chegando a 3,1% e 4,6%. “Se garantirmos letramento para nossas crianças na idade certa, no futuro elas terão formação de qualidade para as próprias vidas”, diz.   De perto   A SEE atribui a melhoria na aprendizagem a três fatores: os sistemas de avaliação aplicados pelo Estado e pelo governo federal, que incentivam as escolas a se aprimorarem; a intensificação da capacitação de profissionais; e o Programa de Intervenção Pedagógica (PIP), trabalho permanente de visitas e acompanhamento nas escolas para orientar o plano pedagógico.    Em 2013, os analistas educacionais fizeram 80.475 visitas a escolas, e houve 641 eventos de capacitação para profissionais em Minas.   Sala cheia e turno extra de professor são obstáculos   Embora os resultados do Proalfa sejam positivos, Maria Auxiliadora Monteiro, doutora em educação e professora da PUC Minas, defende que os números sejam avaliados com cautela. “É uma prova do governo estadual, aplicada aos alunos da própria rede. Os testes não são de domínio público”.   Ela enumera obstáculos que precisam ser superados para melhorar o ensino, como salas de aula lotadas, o que dificulta o aprendizado e o atendimento aos alunos.   “Mais do que isso, vejo a questão salarial como um empecilho para a educação. A maioria dos professores precisa complementar a renda dando aula em outros lugares. Falta tempo para se dedicar à escola e aos estudantes”. Hoje, a remuneração de um professor da rede estadual em início de carreira é de R$ 1.455,30, para 24 horas de trabalho semanais.   Reforço   Para Maria da Glória Toledo, diretora da Escola Estadual Pedro Dutra, no Padre Eustáquio, na capital, o nível dos 130 alunos de 6 a 11 anos é “muito bom”. “Todos permanecem na escola por tempo integral, o que nos permite reforçar o que é ensinado em sala de aula”.    Bernardo Carvalho é prova disso. Aos 6 anos, já aprendeu as letras e começa a escrever sozinho as primeiras palavras.

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