Exames periódicos poderiam ter evitado morte de estudante, alerta especialista

Letícia Alves - Hoje em Dia
09/07/2015 às 17:18.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:50
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

O falecimento do adolescente de 16 anos durante aula de educação física, no Colégio Padre Eustáquio, na manhã desta quinta-feira (9), acende o alerta sobre a morte súbita. O mal, segundo especialistas, poderia ser evitado com exames clínicos e acompanhamento de pacientes com histórico familiar de doenças cardíacas.    Segundo testemunhas, durante um jogo de futebol o estudante passou mal e morreu no local, após duas tentativas de reanimação – uma pela técnica de enfermagem da escola e outra pelos socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).   A suspeita é de morte súbita, já que o óbito foi confirmado em uma hora após os primeiros sintomas, principal característica desses casos, explica a cardiologista e professora associada do Departamento da Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, Rose Lisboa.    Em adultos, os casos de morte súbita estão relacionados, em grande parte, à doenças coronarianas. Já em adolescentes são mais raras e podem ser desencadeados por anomalias no coração, inclusive elétricas, de acordo com a especialista.    Em todos os casos, ela é caracterizada pela cessão do sangue para o coração e consequentemente para o cérebro, fazendo com que a pessoa perca a consciência. De acordo com Rose, a morte súbita pode ainda ser desencadeada por atividades físicas de alto impacto e pelo uso de anabolizantes. Colegas do estudante chegaram a afirmar que ele dizia usar “bomba”.    “Quando usam esses outros suplementos anabólicos pode levar a arritmia fatal”, afirma Rose.    Prevenção   Para a cardiologista, casos como o desta quinta-feira podem ser evitados com o acompanhamento médico. “Se fizesse isso, o próprio pediatra, mesmo sem sintomas, iria fazer o exame físico e, se necessário, o eletrocardiograma. Isso poderia detectar muita coisa”. Para quem tem histórico de doença cardíaca na família e de morte súbita, o acompanhamento precisa ser ainda mais rigorosa, defende.    Desfibrilador é obrigatório   O atendimento de vítimas de mal súbito precisa ser rápido e contar com equipamentos, entre eles um desfibrilador automático, e pessoas capacitadas para ressuscitação, alerta a cardiologista.    Em locais de grande aglomeração, o equipamento é obrigatório. No entanto, o vice-diretor da escola, Dante Fleury, limitou-se a informar em nota que a técnica de enfermagem fez as primeiras tentativas de reanimação.    Com a chegada do Samu, outras tentativas foram realizadas e o estudante chegou a ser ressuscitado, mas não resistiu e morreu, de acordo com Fleury.    O laudo sobre as causas da morte só será divulgado em 30 dias pela Polícia Civil. O documento foi solicitado pelo delegado da 2ª Delegacia da Regional Noroeste. A partir da causa, poderá ser aberto inquérito policial. O corpo foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML), na tarde desta quinta.    Comoção   Na porta do Colégio Padre Eustáquio, o desespero e a tristeza se misturaram, após a morte do aluno do 1º ano do Ensino Médio. Pais se aglomeraram na porta da instituição para buscar os filhos, muitos deles aos prantos.    O contador Amarildo Moraes foi até à escola, após a ligação do filho, que era colega do estudante “Ele me ligou muito nervoso, pedindo para buscar”, contou. Para Amarildo, a morte trata-se de uma fatalidade. “A escola é muito boa”, ressaltou.    Nas redes sociais, são várias as mensagens para o aluno, principalmente de quem estava com ele nos últimos momentos. “Mas agora tudo que posso fazer e orar por você e por sua família. A ficha não caiu ainda. É difícil ir lá agora na porta do seu colégio e não ver mais você”, é um dos recados na página do Facebook do adolescente.    O velório será nesta quinta-feira, às 19h, na capela da igreja do Padre Eustáquio, que fica ao lado do colégio, localizado na rua Cesário Alvim, 810. O enterro será na sexta-feira (10), no Cemitério Bosque da Esperança, em horário ainda não divulgado. 

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