A combinação de treinos aeróbicos com os de peso é mais eficiente para combater o excesso de gordura em adolescentes obesos, mesmo sem alterações no cardápio. A conclusão é de um estudo da Faculdade de Educação Física da Unicamp, divulgado este mês.

O chamado treinamento combinado foi adotado por 48 adolescentes de uma escola pública de Curitiba por três meses, três vezes por semana. O resultado foi o aumento da massa magra e a redução da gordura corporal. Um estudo semelhante foi realizado no ano passado e comprovou que esses treinos também são eficientes em adultos obesos.

Como funciona

O sucesso da combinação deve-se aos benefícios dos dois treinamentos. Quando isoladas, atividades aeróbicas, como corrida e natação, dependendo da intensidade, acarretam em perda de massa magra, além de gordura. Já treinos como a musculação, podem aumentar o peso corporal, sem perdas significativas de gordura.

Dietas restritivas também não têm resultados satisfatórios porque são difíceis de manter e não têm segurança comprovada para adolescentes, segundo o pesquisador responsável pelo estudo, Wendell Arthur Lopes. “Quando unimos as duas coisas, contrabalanceia a perda da massa magra e consegue ter o beneficio dos dois treinamentos”.

Experiência

A estudante mineira Lara Aparecida Lopes, de 14 anos, é prova do sucesso do treinamento combinado. Durante quatro anos, ela apostou na natação, mas não obteve os resultados desejados.

Há seis meses, nos treinos de musculação aliados ao treinamento aeróbico, ela já vê a mudança no espelho. “Deu uma diferença. Emagreci e dei uma diminuída na gordura localizada”, disse a jovem. Na balança, Lara emagreceu apenas um quilo, resultado do ganho de massa magra. Os participantes da pesquisa da Unicamp também não reduziram o peso corporal, mas obtiveram melhora no metabolismo, um dos resultados mais importantes, de acordo com o pesquisador.

“Em adolescentes obesos isso acarreta alterações lipídicas e cardiovasculares na vida adulta, ou seja, esse é o estopim do problema. O exercício normalizou a resistência à insulina e o estado inflamatório crônico de baixo grau”.

Estabelecer limites nas atividades físicas para jovens é essencial, afirmam especialistas

O treinamento combinado é uma boa alternativa para adolescentes, mas deve-se respeitar o limite de cada pessoa, para não atrapalhar a fase de crescimento, alertam especialistas. O personal trainer Leonardo Freire, da unidade Savassi da academia Bodytech, recomenda a inclusão de exercícios de flexibilidade, equilíbrio e coordenação, comuns no treinamento funcional. “Tem que ter um cuidado especial com esse público. Essa seria uma base para depois começar um treinamento mais pesado”, explica.

Outro cuidado necessário é o intervalo para recuperação do corpo, afirma o personal trainer, Arison Guilherme da Rocha, da Academia Êxito. A dica do profissional é aliar treinos em dias alternados, fazendo duas sessões de musculação e três de aeróbicos, por exemplo.

“Aliar os dois é bom porque um faz perder a massa gorda, e com o treino de resistência está ganhando massa magra. Só o excesso é que é prejudicial, pois é preciso recuperar as microlesões (dano muscular) e isso só é possível por meio do descanso”, frisa.

Dietas restritivas causam prejuízos à saúde e podem desencadear compulsão alimentar

A associação de atividade física com uma dieta equilibrada garante resultados mais duradouros no combate a obesidade, evitando o famoso efeito sanfona, assegura a coordenadora do curso de nutrição do Uni-BH, Sabrina Pinheiro Fabrini. “É fundamental associar uma atividade com a dieta para que a pessoa consiga manter como padrão de vida”, afirma.

Ela explica que as dietas restritivas não funcionam em longo prazo e trazem riscos para a saúde. Isso porque o organismo tenta manter o peso, reduzindo o chamado metabolismo basal, que é a necessidade diária de calorias que o corpo em repouso precisa.

“Essas dietas acabam em um curto prazo tendo um efeito até muito alto, mas não são efetivas no longo prazo. A pessoa acaba retomando um peso até maior do que tinha antes e ainda pode desenvolver transtornos e compulsões alimentares”.

O ideal, segundo Sabrina, é adotar uma dieta com qualidade e quantidades adequadas de todos os grupos de alimentos, evitando os ultraprocessados, como salgadinhos e refrigerantes.

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