Familiares relatam tensão e muita sujeira em presídio de Neves após motim

Vanessa Perroni
Hoje em Dia - Belo Horizonte
11/06/2016 às 18:05.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:51
 (Divulgação/Facebook)

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Após uma espera de duas horas na porta do presídio José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, a aposentada Aderli Moreira, de 60 anos, conseguiu entrar para visitar o filho, de 21 anos, que está há dois meses na unidade. 

Marcada para às 8h, a visita foi liberada somente às 11h, após a intervenção da Polícia Militar. "Eles falaram que ia ter visita, depois negaram. Ficamos esperando. Os agentes chegaram a nos ofender com palavras baixas. Nos mandaram ir embora procurar outros bandidos para cuidar. Foi humilhante. Mas é sempre assim", lamenta ela.


De acordo com os familiares, o clima dentro da unidade é de tensão e descuido. "Está imundo lá dentro, muita sujeira. Estamos indo embora com receio do que vai acontecer com eles lá dentro. Ontem (sexta) meu filho passou mal na cela por causa da queima de colchões e os agentes não abriram a dela", desabafa Carla dos Santos, de 63 anos, que foi visitar o filho de 26.

Muitos familiares chegam ao local ainda de madrugada. Antes das 8h, quando souberam da possibilidade de não haver visita, eles colocaram fogo em uma lixeira. "Foi uma forma de manifestar nossa indignação. Só fizemos isso após xingamentos dos agentes", afirma uma jovem que preferiu não se identificar. Ela conta que a Polícia Militar deu todo o apoio necessário. 

Tenentes que estavam no local afirmam que houve reforço em todas as unidades prisionais da região. Foram quatro guarnições a mais no local. E a mesma equipe está convocada para retornar neste domingo.

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Segundo agentes penitenciários, que preferiram não se identificar, ocorreu um motim na unidade na tarde dessa sexta (10). O movimento dos presos iniciou às 17h e só terminou por volta da meia noite. Foram mais de 260 colchões queimados e dez presos hospitalizados em unidades de saúde da região por causa da fumaça.

De acordo com os agentes, a manifestação dos presos é decorrente da superlotação da unidade. Eles afirmam que uma cela destinada a oito presos estão alocados 32. A greve dos agentes é uma soma de reivindicações, como o abono fardamento e a lei orgânica. Suspender as visitas, de acordo com eles, é uma forma de fazer o estado olhar para a classe, pois muitos agentes estão ameaçados de morte. Quanto às visitas deste domingo, elas estão suspensas até nova ordem. Nas demais unidades prisionais de Ribeirão das Neves as visitas ocorrerão normalmente.

Os agentes informaram que têm uma assembleia marcada para esta segunda-feira, às 14h, na Assembleia Legislativa, para definir os rumos da greve.

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