Febre Amarela: 63 cidades em situação de emergência, mil casos notificados e 78 mortes confirmadas

Tatiana Lagôa e Raul Mariano
horizontes@hojeemdia.com.br
20/02/2017 às 20:21.
Atualizado em 16/11/2021 às 00:38

O risco iminente de avanço da febre amarela e a dificuldade dos municípios mineiros de arcarem com os gastos trazidos pelo surto fizeram com que o Ministério de Integração Nacional reconhecesse situação de emergência em 63 cidades do Estado. A medida poderá amenizar dificuldades enfrentadas pelas localidades, como superlotação de hospitais, e até aumentar a cobertura vacinal, principalmente nas zonas rurais. 

Inicialmente, apenas quatro cidades (Coronel Fabriciano, Governador Valadares, Manhumirim e Teófilo Otoni) constavam no decreto publicado ontem no Diário Oficial da União. Porém, no fim do dia, o governo federal divulgou uma nova relação com outros 59 municípios do Estado que também estão em emergência, além de Ibatipa, no Espírito Santo, que faz limite com Minas. 

De acordo com o último boletim da Secretaria de Saúde mineira, 1.012 casos da doença foram notificados em 84 localidades no Estado neste ano. Dessas, 42 cidades tiveram confirmações da doença. Até o momento, 78 pessoas morreram em decorrência da enfermidade, e outros 96 óbitos estão sendo investigados.

“Nós já estávamos em estado de alerta antes, já que tivemos a confirmação de febre amarela em um dos macacos encontrados mortos. Para completar, hoje (segunda-feira) encontramos mais um macaco morto no distrito de Baguari. Mais uma prova de que temos que manter firmes as ações de vacinas” (Eliane Nobre, coordenadora do núcleo gestor da Secretaria Municipal de Governador Valadares)

Segundo o Ministério da Integração, surtos e epidemias de doenças infecciosas virais são consideradas desastres naturais e classificadas como ocorrências biológicas pela Codificação Brasileira de Desastres (Cobrade). Dentre os critérios para a definição dos municípios que entram na lista estão a dificuldade no controle da doença, danos humanos consideráveis e casos em que a situação de normalidade pode ser restabelecida com a ajuda do poder público. “O reconhecimento federal permite que as prefeituras solicitem apoio da União para ações de socorro e assistência à população”, afirma, em nota, o ministério.

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Alívio

No caso de Governador Valadares, no Leste de Minas, os recursos são essenciais. Polo regional, é para lá que vão os moradores de áreas vizinhas com suspeita de febre amarela. Como resultado, o Hospital Municipal da cidade está superlotado, segundo a coordenadora do núcleo gestor da Secretaria de Saúde de Valadares, Eliane Nobre. 

Na tentativa de amenizar a situação, a prefeitura realiza mutirões de vacinação, com horário de atendimento ampliado. Além disso, agentes de saúde fazem visitas técnicas nas residências. Mais de R$ 1,5 milhão já foi gasto com as ações. “Agora que tivemos o reconhecimento do problema, esperamos mais recursos para que possamos continuar os trabalhos”, afirma Eliane. 

Em Manhumirim, na Zona da Mata, a principal necessidade é a realização de um plano que permita a ida de agentes à zona rural. Segundo o secretário de Saúde do município, Robson Feitosa Pereira, com o decreto espera-se auxílio da União para montar uma estratégia de atendimento a essa população. 

O temor de avanço da doença é tamanho que um posto de vacinação temporário será montado na rodoviária da cidade ao longo do Carnaval. Quem chegar de outros lugares poderá ser imunizado no local.

Municípios ampliam horário para vacinação nos postos

O reconhecimento de situação de emergência do governo federal se soma ao decreto de mesmo teor do governo do Estado, ocorrido em fevereiro deste ano. Segundo a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, foram incluídas as cidades na área de abrangência das Unidades Regionais de Saúde de Coronel Fabriciano, Governador Valadares, Manhumirim e Teófilo Otoni na época. 

Por isso, uma série de ações já vinham sendo realizadas em parte desses municípios. Em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, o prefeito Daniel Sucupira afirma que pelo menos 80 mil pessoas foram vacinadas na última semana. Além disso, a carga horária dos postos de saúde foi expandida.

Na zona rural, equipes foram enviadas para imunizar os moradores nas próprias residências. “Estamos intensificando ainda as ações de limpeza urbana”, explica Sucupira.

Em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço, os 15 postos de saúde estão oferecendo a vacina. Segundo o secretário municipal de Saúde, Ricardo Cacau Melo, o atendimento foi estendido até as 21h nas duas maiores unidades do município. 

 

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