Figurinos de foliões nos blocos de rua de BH contam histórias e saudade

Ana Júlia Goulart
agoulart@hojeemdia.com.br
13/01/2018 às 15:01.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:45
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia )

(Maurício Vieira/Hoje em Dia )

Brilho, caveiras, o branco das baianas ou as cores da cultura afro. Os figurinos dos blocos de rua que desfilam em Belo Horizonte refletem uma das características principais da festa momesca: a diversidade. A fantasia chama tanta atenção que alguns foliões tiram tempo para observar e admirar os looks. Mesmo se contagiando e usando as peças, pouca gente sabe a história que elas carregam.

O Baianas Ozadas, por exemplo, foi fundado em 2012 por Geo Cardoso, um baiano que queria matar saudade da terra natal. Prestes a embarcar para curtir o Carnaval em Salvador, ele cancelou a programação e ficou na capital mineira.

Para não sentir tanta falta, Geo decidiu criar uma ala para passar a folia lembrando a cultura da Bahia. “A primeira coisa que pensei foi na roupa. Tinha que ter a saia branca, o turbante. Os instrumentos também estavam na lista”, conta.

Clima

As vestimentas têm, ainda, outra grande missão: sinalizar a intenção de cada desfile e grupo. É esse quesito que indica o clima do cortejo para os foliões, principalmente os novatos na festa carnavalesca de BH. “São fundamentais para explicitar a que se propõe o bloco. No nosso caso, elas traduzem nosso conceito”, explica o fundador do Baianas Ozadas. 

As roupas são feitas sob medida. São quase 300 looks completos que incluem saia, blusa do bloco e o turbante. Bateria, banda, ala de dança e outros integrantes usam o modelo. Muitos foliões copiam toda a fantasia ou participam com roupas claras.Flávio Tavares/Arquivo Hoje em DiaSaia branca e turbante foram indispensáveis na criação do Baianas Ozadas

Fúnebre

Na contramão do branco está o preto do Bloco Fúnebre. O pesado que traz o nome se quebra com o figurino alegórico e bem visual. A inspiração vem de longe, do México, e de vários cortejos funerários famosos. 

Além da roupa, a maquiagem nesse desfile faz toda a diferença. Porém, não há nada de clima de velório. O sepultamento no desfile é só da melancolia. “Sempre tivemos essa ideia de ironizar o brasileiro que enterra suas tristezas para curtir o Carnaval. É isso que fazemos todos os anos na festa”, explica o fundador do grupo, Leonardo Lima.

já no ‘Bloco dos Camisa Preta’, o look tem que ter a pegada rocker

Para ele, o aumento dos foliões a cada ano é explicado, principalmente, pela alegoria e visual do cortejo. “É uma preocupação nossa ter esses itens e eles ajudaram muito a atrair o público. Começamos com umas 200 pessoas e atualmente a expectativa é a de quase 7 mil”.

O look, porém, dá trabalho. Grupos de integrantes do Fúnebre se reúnem para fazer as produções. Recriar as maquiagens da tradicional festa dos mortos mexicana é a parte mais cansativa. “No entanto, é uma delícia. Cada ano, fazemos algo diferente”, conta o fundador do bloco.

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