"Fiquei totalmente paralisada", afirma garçonete vítima de homofobia em restaurante de BH

Tatiana Lagôa
portal@hojeemdia.com.br
22/07/2017 às 17:18.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:42
 (Reprodução Facebook)

(Reprodução Facebook)

“Quando fui pegar a garrafa de cerveja na mesa do casal, o homem tomou da minha mão e disse que não queria que eu o atendesse. Ele estava descontrolado e disse 'saia da minha mesa'. Eu fiquei totalmente paralisada”. Assim a garçonete Juliana Aparecida Ribeiro da Silva, de 33 anos, descreve o ato homófico sofrido por ela na noite de sexta-feira, enquanto trabalhava no Restaurante Chopp da Fábrica, em Belo Horizonte.

Ela conta que foi chamada pelo menos dez vezes de sapatão pelo casal antes deles se negarem a ser atendidos pela jovem. “Quando eu ouvia eles gritando 'sapatão', pensava que era outro assunto. Nem imaginava que pudesse ser comigo”, conta.

Após ouvir dos clientes que não queriam ser atendidos por uma “sapatão”, a profissional pediu ao gerente para que pudesse ficar por um tempo no segundo andar do estabelecimento. O objetivo era esperar a saída dos dois para depois voltar ao posto de trabalho.

“Eu não queria fazer nenhum tipo de bagunça porque gosto de trabalhar lá. O restaurante não tem culpa de ter chegado clientes com essa visão. Preferi me recolher. Mas me senti muito mal. Principalmente quando notei a proporção que tomou e vi a gravidade do que estava envolvida”, relata.

Casada há um ano e meio com uma moça que também trabalha como garçonete, Juliana se diz assustada com o quanto as pessoas estão ficando intolerantes. Apesar de já ter sido ofendida outras vezes na rua, é a primeira que é vítima de preconceito em ambiente de trabalho. “Eu ando nas ruas e as pessoas me julgam pela minha aparência. Mas no trabalho eu nem imaginava. Fiquei sem reação e só conseguia pensar 'não acredito que isso esteja acontecendo'”, relata.

Enquanto ela não sabia o que fazer, outros clientes incomodados com a homofobia presenciada chamaram a polícia e expulsaram o casal do estabelecimento aos gritos. Quando a polícia chegou, eles já tinham ido embora.

O proprietário do restaurante, Bruno Delli Zotti, lamentou o ocorrido em nota na internet. E à reportagem, disse que a atitude preconceituosa não condiz com a visão do estabelecimento. “Nossos profissionais são escolhidos apenas pela competência e mais nada”, afirma.  

Leia mais

 
   

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por