Força-tarefa formada por pesquisadores analisa impactos da lama que destruiu o rio

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
24/11/2015 às 07:38.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:03
 (Lucas Barreto)

(Lucas Barreto)

Diante de uma série de questionamentos sobre os prejuízos ambientais provocados pelo rompimento da barragem de Fundão, da Samarco Mineração, na região Central do Estado, um grupo de dez biólogos de várias partes do Brasil decidiu realizar pesquisas por conta própria em busca de respostas para a tragédia ocorrida em Mariana.

Intitulado Grupo Independente de Avaliação do Impacto Ambiental (Giaia), o “coletivo científico-cidadão”, como os integrantes se denominam, está organizando diferentes frentes de trabalho, a fim de analisar o grau de contaminação do rio Doce e a presença de elementos tóxicos nas áreas afetadas pela lama, além de levantar e mapear as espécies da fauna que possam merecer cuidados redobrados.

A motivação para o trabalho autônomo surgiu da “postura inicial bastante tímida dos órgãos envolvidos (privados e públicos)”, conforme o Giaia. Em entrevista ao Hoje em Dia, dois integrantes do grupo – o biólogo e professor do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Federal de Alagoas, Renato Gaban-Lima, e a bióloga Rominy Novaes Stefani – falaram sobre a iniciativa.

Informações públicas
Segundo eles, o objetivo principal do coletivo é produzir estudos referentes à caracterização, documentação e quantificação dos danos causados pelo episódio do último dia 5, já considerado a pior tragédia ambiental do país.

“Colocando à disposição da sociedade, de forma clara e transparente, informações científicas que possam servir de subsídios para processos judiciais, para auxiliar a definição de medidas de recuperação e compensação ambientais, e para contribuir com o debate e aprimoramento dos processos de licenciamentos ambientais de empreendimentos potencialmente catastróficos como esse”, definem os pesquisadores.


Os trabalhos começaram em Linhares, no Espírito Santo, e vão em direção à foz do rio Doce, no mesmo Estado. Os biólogos estão coletando amostras de água e sedimentos em regiões onde a lama ainda não chegou, para poderem fazer uma comparação das amostragens futuramente.

Em Minas, o Giaia ainda não esteve em campo, mas está mantendo contato com profissionais daqui para levantar informações. A princípio, conforme os estudiosos, o cenário mineiro aponta para uma “situação desoladora e de extrema gravidade”. Depois de levantados, todos os dados serão disponibilizados no http://www.giaia.eco.br.



A proposta do grupo vem atraindo cada vez mais interessados. Em menos de dez dias, a página da iniciativa no Facebook recebeu aproximadamente 8 mil curtidas e cerca de 4,5 mil profissionais, de diversas áreas, já manifestaram interesse em integrar a equipe.

“Vale ressaltar, no entanto, que o grupo de pessoas gestoras do Giaia é bem mais restrito e tem se empenhado de forma intensa para organizar, articular e viabilizar os grupos de trabalho, bem como para triar as informações e os compartilhamentos realizados em nossa página, visando à preservação da qualidade e à precisão das informações e campanhas divulgadas”, ressaltam Gaban-Lima e Rominy.

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