Golpe de Estado na Turquia adia sonho mineiro

Renato Fonseca*
rfonseca@hojeemdia.com.br
15/07/2016 às 18:42.
Atualizado em 16/11/2021 às 04:19
 (Cristiano Machado/Hoje em Dia)

(Cristiano Machado/Hoje em Dia)

A tentativa de golpe militar na Turquia adiou o sonho do conjunto moderno da Pampulha de obter o título de patrimônio cultural da humanidade. Agências de noticias internacionais dão conta de que o Estado-Maior do Exército Turco busca controlar o país em um golpe contra o primeiro-ministro Binali Yildirim e o presidente Recep Tayyip Erdogan.

Desde o último domingo, acontece em Istambul a 40ª sessão do comitê do patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação (Unesco). Neste sábado (16) estava prevista a votação para definir se o complexo projetado por Oscar Niemeyer (1907 - 2012) seria elevado à chancela internacional. Contudo, devido ao momento político do país, a reunião da Unesco foi cancelada, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Conforme o Hoje em Dia apurou, profissionais da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) que estão na Turquia participando do encontro receberam ordens do Itamaraty para não sair dos quartos do hotel onde estão hospedados. Em Brasília, o Itamaraty ainda não se pronunciou oficialmente.

A votação da Pampulha estava prevista para começar a partir das 9h de Istambul (3h no horário do Distrito Federal). Além do cartão-postal mineiro, outros 28 sítios culturais - monumentos, imóveis, trechos urbanos e até ambientes naturais - são avaliados.

A expectativa de receber o aval neste sábado ganhava força devido ao andamento das reuniões da Unesco. A Pampulha ocupa a 15ª posição na lista de análises e, até esta sexta-feira (15), 12 candidaturas tinham sido analisadas.

Ouça o depoimento de Luciana Féres sobre a atual situação em Istambul:
 

"Para recuperar nossos direitos humanos, constitucionais e democráticos, estamos oficialmente assumindo o controle do país", diz uma declaração da ala das Forças Armadas responsável pela revolta.

Por volta das 22h, tiros foram ouvidos em Ancara, capital do país, onde caças faziam voos rasantes e helicópteros militares tomavam os céus. Em seguida, foram fechadas as duas pontes sobre o estreito de Bósforo, em Istambul, no sentido Ásia-Europa - no  caminho inverso, o tráfego seguiu fluindo.
 
Logo depois foi bloqueado o acesso às redes sociais e militares invadiram a sede da TV estatal. Além disso, tanques se dirigiram ao Aeroporto Internacional de Ataturk, em Istambul, o mais movimentado do país.

"Os autores [do golpe] pagarão o preço mais alto", garantiu Binali Yildirim, que ainda prometeu usar "força contra a força". Nos últimos meses, o presidente Erdogan vinha sendo acusado de promover um governo autoritário no país, atingindo até alguns de seus antigos aliados.

Além disso, o país convive com a ameaça do terrorismo do Estado Islâmico e de grupos separatistas curdos. O partido AKP, fundado por Erdogan, é acusado de interferir na Justiça para abafar casos de corrupção e de censurar a imprensa. Para isso, fechou jornais opositores e afastou juízes tidos como "adversários".

Erdogan foi primeiro-ministro até 2014, mas no fim de seu mandato foi eleito presidente, mantendo o poder em suas mãos, apesar de a Turquia ser parlamentarista. Nos últimos meses, vinha tentando emplacar uma mudança para o regime presidencialista, o que  lhe deria ainda mais força. Segundo a emissora "CNN", apesar do golpe, ele se encontra a salvo.

Com agências

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