Governo aguarda fim do surto de febre amarela para reavaliar cobertura vacinal

Flávia Ivo(*)
fivo@hojeemdia.com.br
27/03/2017 às 15:11.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:54

Em 2017, já foram distribuídas cerca de 22,5 milhões de doses da vacina de febre amarela. Do total, 18,8 milhões foram direcionadas para intensificação das imunizações em áreas afetadas.

Para Minas, onde há maior incidência de casos (até agora foram 1.155 notificações e 325 confirmações, além de 111 mortes), o Ministério da Saúde disponibilizou 7,5 milhões de doses. Em segundo lugar, aparece São Paulo, com 3,9 milhões de vacinas recebidas, seguido pelo Espírito Santo (3,6 milhões).

No entanto, esse trabalho emergencial não é um espelho do futuro. Segundo Carla Domingues, do Programa Nacional de Imunizações (PNI), é preciso esperar o fim do surto para avaliar o processo.

“O ciclo silvestre da doença ocorre entre outubro e maio. Depois desse período, o mosquito para de circular, trazendo a redução dos casos. Após o término desse ciclo, definiremos a ampliação das áreas de recomendação. Com o surto, temos locais que estão neste grupo de forma provisória, podendo entrar em definitivo em 2018”, explica.

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Estratégias

Reduzir os danos causados pelo surto de febre amarela é a atual meta do Ministério da Saúde. Uma das estratégias é instruir os profissionais de saúde. “Capacitar a rede de atendimento para identificar rapidamente a doença é um dos métodos efetivos para reduzir as mortes”, afirma Carla Domingues.

“É necessário orientar, falar mais do risco para que o paciente e a população entendam que a vacinação é uma ação estratégica para não permitir o avanço da febre amarela”, observa Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

Outro ponto fundamental é contar com a ajuda das pessoas na eliminação de vetores. “Ou a população entende que eliminar os focos ou as doenças transmitidas por mosquitos continuarão com a mesma intensidade. Não dá para culpar os gestores públicos pela quantidade de casos e esperar que eles eliminem os vetores”, diz. Carla destaca, ainda, a necessidade de vigilância constante.

Além Disso

O uso da tecnologia em favor do controle das doses de vacina aplicadas e da montagem de estatísticas sobre a doença é uma das apostas do Ministério da Saúde.

Desde 2012, está em implantação o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). A ferramenta objetiva possibilitar aos gestores públicos envolvidos uma avaliação dinâmica do risco quanto à ocorrência de surtos ou epidemias.

Até agora, o sistema já foi implantado em 20,3 mil salas de vacinação em todo o país, o que corresponde a 55% do total. Em Minas, o SI-PNI já está em funcionamento, permitindo esse controle sobre a cobertura vacinal.

A ferramenta está disponível, porém, muitos municípios ainda não aderiram. “A falta de recurso humano gerada pela escassez de recursos não permite que determinemos a obrigatoriedade desse monitoramento rápido a todos os Estados e municípios”, aponta Carla Domingues. “No entanto, temos percebido que, a cada ano, a adesão aumenta”, completa.

(*) Repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm)

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