Guerra entre gangues se alastra em Juiz de Fora

Ricardo Beghini - Do Hoje em Dia
24/06/2012 às 08:59.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:03
 (Felipe Couri)

(Felipe Couri)

JUIZ DE FORA – Em nome de uma rivalidade entre bairros, quase sempre motivada por questões fúteis, grupos de jovens da periferia de Juiz de Fora, na Zona da Mata, partiram para a violência extrema. O fenômeno, que se alastra por todas as regiões da cidade, provocou a morte de um adolescente, de 14 anos, e de um rapaz, de 20, no início do mês.

De abril para cá, a Polícia Militar registrou cerca de dez graves ocorrências envolvendo grupos inimigos. Elas são registradas como tentativa de homicídio ou rixa, deixando comunidades e famílias acuadas.

Para atacar os adversários, os jovens demonstram ousadia e protagonizam situações que lembram roteiros do cinema norte-americano. Há pouco mais de uma semana, por exemplo, gangues rivais dos bairros Ipiranga e Jardim Gaúcho, ambos da Zona Sul da cidade, entraram em confronto na portaria do Hospital Pronto Socorro (HPS), levando medo e desespero a funcionários e pacientes.

O grupo do Ipiranga, que contava com três integrantes, teria chegado primeiro para acertar as contas com um rapaz do Jardim Gaúcho que estava internado após ser esfaqueado em uma briga no Centro da cidade. Aliados do mesmo bairro foram para o HPS impedir o ataque do trio rival.

“A bala que levou meu filho poderia ser para mim”, disse a doméstica Ana Cláudia Batista Cândido, de 38 anos. Ela é mãe do adolescente Joel Marques da Costa Cândido, de 14, que levou um tiro na cabeça no último dia 9 quando estava com a namorada na rua Clóvis Jaguaribe Santos, bairro Santa Efigênia. O autor do disparo, de 16 anos, apareceu na garupa de uma moto, surpreendendo a vítima. Posteriormente, confessou aos policiais que o motivo do assassinato é uma rixa entre os bairros.
Drama familiar

“Meu menino não era de gangue e nem participava de brigas”, desabafou Ana Cláudia. Toda a família está abalada com o homicídio por motivo fútil. O pai do rapaz assassinado entrou em depressão e mal consegue se expressar. A mãe teme que outros dois filhos do casal sejam atacados pela mesma gangue rival. Um deles, de 17 anos, foi recentemente esfaqueado no rosto e no braço e está jurado de morte pelo grupo do bairro vizinho.

As marcas do ódio contra os filhos de Ana Cláudia não estão apenas no capuz do casaco de Joel, que guarda a perfuração provocada pela bala. No edifício onde mora a família, as janelas da frente tiveram os vidros quebrados por gangues. “À noite, eles aparecem pelas esquinas. Estamos vivendo com medo”, ressaltou a mãe, que clama por justiça.

Segundo ela, apenas o rapaz que conduzia a moto continua preso, enquanto o menor que confessou o crime já estaria solto. “Quero ficar de frente com eles para saber por que fizeram isso”, disse.
 
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