Heróis anônimos evitam o pior: emoção marca relato de quem socorreu vítimas da tragédia no Barreiro

Malú Damázio e Ana Júlia Goulart
horizontes@hojeemdia.com.br
14/02/2018 às 19:56.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:21

Nas margens do córrego, a placa com a identificação do coletivo, as marcas de uma descida desenfreada e várias pessoas perplexas. Um dia após o grave acidente envolvendo um ônibus da linha 305 no bairro Mangueiras, na região do Barreiro, em Belo Horizonte, vizinhos buscavam respostas para entender como o veículo teve o trajeto desviado e se chocou contra a ribanceira. 

A tragédia que matou quatro passageiras e o motorista, no entanto, poderia ter sido ainda maior, caso moradores não tivessem se mobilizado para prestar socorro às vítimas. No momento em que o ônibus desceu desgovernado, rumo à ribanceira, o serralheiro Renato Marques dos Santos, de 26 anos, era o único na rua.

“Houve um estrondo enorme. Fiquei em estado de choque, mas na mesma hora percebi que precisava tomar alguma atitude”, conta. Ele resgatou um passageiro que estava do lado de fora do coletivo. “Acho que era um dos mais graves, havia perdido um braço e estava com fraturas expostas”.

Com a ajuda de Renato e outros moradores, o fundidor Leandro Rodrigues, de 32, arrombou a porta traseira do ônibus para retirar mais passageiros. O grupo de vizinhos – cerca de dez pessoas – chegou a entrar no córrego para realizar o resgate. "Quando ouvi o barulho lá de casa, já vim correndo para a rua ver o que estava acontecendo. Atrás do ônibus era o único lugar que dava para entrar e carregamos, no colo, pessoa por pessoa”, relembra.Pedro Gontijo

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Os feridos foram levados para o asfalto à espera dos Bombeiros e do Samu. Os socorristas anônimos relatam, porém, que só foi possível retirar quem estava após a catraca. A frente do ônibus ficou bastante danificada após o impacto. Lá, estavam o motorista e as passageiras que morreram.

O ônibus circulava diariamente pela região e levava os usuários até a estação Diamante. As razões da tragédia ainda não foram esclarecidas.

Bastante emocionada, a irmã do motorista Márcio João de Carvalho, de 59 anos, reforça a hipótese de algum problema mecânico. “Ele era aposentado já. Trabalhou por muito tempo nessa linha, tinha uma relação boa com todo mundo. Acho difícil ter sido alguma falha dele”, disse Selma Carvalho, de 48 anos.Pedro Gontijo

“Tentamos salvar o motorista, mas foi preciso retirar as pessoas antes. Nunca imaginei que fosse vivenciar algo do tipo” (Renato dos Santos, serralheiro)

Feridos

Oito pessoas permanecem internadas no Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII. Seis estão em estado grave. Ontem, familiares e amigos chegavam a todo momento em busca de notícias sobre os feridos. 

Tatyele Andressa Pereira Carvalho, de 18 anos, teve quatro fraturas. “Sei que ela já passou por cirurgia, está entubada e aguardando uma vaga no CTI”, disse a mãe dela, Adriana Pereira de Carvalho.

Mãe de Felipe Augusto Divino Silva, de 15 anos, Andreza Divino Costa também aguardava por notícias. “Ele estava indo para um shopping com os amigos. De repente, recebi a notícia”.

O jovem passou por cirurgia e estava no Centro de Tratamento Intensivo (CTI). Um outro filho de Andreza também estava no veículo. Ele foi levado para o Hospital do Barreiro com uma fratura no braço.

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