Hilton Rocha atinge 1 milhão de atendimentos; parceria possibilitou a continuidade da unidade

Da Redação
horizontes@hojeemdia.com.br
04/09/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 10:24
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

O Hospital de Olhos da Fundação Hilton Rocha, instalado na capital mineira, atingiu a marca de um milhão de atendimentos. Por mês, são cerca de dez mil pacientes assistidos. Com um corpo clínico e técnico formado por mais de cem profissionais, a unidade de saúde é referência mundial em oftalmologia. Cerca de 90% dos atendimentos são feitos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e o restante pela Clínica Social. 

Os números são comemorados pela diretora do hospital, Ariadna Muniz, no cargo desde 2006. “Temos uma média de 400 atendimentos por dia, 30 a 40 cirurgias e 200 exames. Entre as principais subespecialidades estão córnea, plástica, retina, glaucoma e estrabismo”, diz.Jéso Fagundes/Divulgação / N/A

No cargo de diretora desde 2006, Ariadna Muniz comemora o crescimento dos atendimentos no Hospital de Olhos

Fundada em março de 1979, a Fundação passou por um período de declínio, marcado pelo sucateamento da estrutura física, evasão de médicos e atraso no pagamento dos colaboradores após a morte do fundador. Por meio de uma parceria celebrada com a Soebras, em outubro de 2005, a unidade, porém, ganhou novo fôlego. Os atendimentos sob a nova gestão começaram quatro meses depois.

“No TAC estavam previstos investimentos de R$ 1,3 milhão. Contudo, na recuperação de entidades que estiveram à beira da bancarrota, sempre surgem surpresas. Mas jamais nos deixamos esmorecer”Ruy MunizDiretor da Soebras

Aposta

Diante do cenário caótico da fundação, Ruy Muniz, diretor da Soebras, acreditou que o sonho do professor Hilton Rocha não poderia morrer. Apostando na aliança entre educação e saúde, ele promoveu uma reviravolta na situação do hospital.

Formado em medicina, o currículo de Ruy Muniz acumula vasta experiência na recuperação de entidades historicamente reconhecidas na área educacional. Por meio do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado pela Soebras, Ministério Público do Estado de Minas Gerais e Fundação Hilton Rocha, foi firmado o compromisso de ressuscitar a entidade hospitalar, dando segurança aos médicos, funcionários e credores.

Investimento

“No TAC estavam previstos investimentos da ordem de R$ 1,3 milhão. Contudo, na recuperação de entidades que estiveram à beira da bancarrota, sempre surgem surpresas. Mas jamais nos deixamos esmorecer”, afirma Ruy Muniz. 

Passados pouco mais de dez anos sob a gestão da Soebras, R$ 15 milhões já foram aplicados no hospital. A verba foi direcionada para a quitação de dívidas, compra de equipamentos, reforma e adaptação do prédio da unidade, que funciona no bairro Mangabeiras, na zona Sul de Belo Horizonte.

“Hoje, o hospital opera com a maior capacidade de sua história. É um impacto social que, com certeza, orgulharia o brilhante médico e professor Hilton Rocha”, completa o diretor.Flávio Tavares / N/A

Cerca de 90% dos pacientes do hospital são atendidos pelo SUS; clínica social oferece consultas a preços mais acessíveis

Impacto

Egressa do curso de especialização em oftalmologia do Instituto Hilton Rocha, Ariadna Muniz participou desde o início do projeto de recuperação da instituição. 

“Quando assumimos a direção, o hospital atendia apenas um paciente por dia. É extremamente gratificante atingir essa marca de um milhão de atendimentos após esses anos de trabalho”, celebra a diretora Ariadna Muniz.

Curso de especialização é um dos mais disputados do país

O trabalho de reerguer um hospital do porte do Hilton Rocha não se faz apenas com aporte de recursos financeiros e talento individual na gestão. “As pessoas precisam acreditar no ideal, na filosofia e que fazem parte de algo maior”, frisa o médico Anderson Giovanni Antônio Ferreira, integrante do corpo clínico.

Não é à toa que o hospital atrai médicos consagrados como o especialista em córnea Joel Edmur Boteon, que é coordenador da residência médica e professor-titular no Hospital das Clínicas da UFMG. 

No quadro de docentes do curso de especialização em oftalmologia também estão profissionais renomados, o que faz do Programa de Residência Médica um dos mais respeitados e disputados pelos médicos. Flávio Tavares / N/A

Ruy Muniz não deixou morrer o sonho de Hilton Rocha e se empenhou para a continuidade da fundação

Exemplo

O sucesso da gestão do Hospital de Olhos da Fundação Hilton Rocha é um exemplo do Sistema Único de Saúde (SUS) que dá certo. Apesar da defasagem da tabela de procedimentos realizados, não há reclamações ou transferência de responsabilidades.

“A estrutura e o corpo clínico que o hospital já detém permite dobrar o número de atendimentos à população, bastando a previsão de recursos por parte da PBH ou dos consórcios de saúde da região metropolitana”, diz a diretora Ariadna Muniz.

Obras são retomadas e novo hospital da Oncomed fica pronto no fim de 2018

Sete meses depois de terem sido paralisadas pela Justiça, as obras de reforma e ampliação do prédio onde funcionava o hospital Hilton Rocha foram retomadas. Desde junho passado, os trabalhos estão a todo vapor no bairro Mangabeiras. A expectativa é a de que sejam finalizados em um ano e meio, permitindo a inauguração imediata da unidade da Oncomed.

No local, vão funcionar oftalmologia, oncologia e cardiologia. “O pedido pela última especialidade veio da população local, que é formada por muitos idosos”, disse o diretor-executivo da Oncomed, Roberto Porto Fonseca.

A reforma irá aproveitar a estrutura do antigo hospital, fechado desde 2009. Serão 220 leitos, com capacidade para 65 mil internações e 180 mil atendimentos por ano. “Em BH, temos um caos na saúde. Qualquer pessoa demora horas para ser atendida mesmo no pronto-socorro, e temos déficit de leitos. Então, a chegada de uma nova instituição vai, com certeza, trazer melhorias para a população”, acrescenta o diretor-executivo. A Soebras se posicionou a favor de que o prédio vizinho volte a ser usado.

Lei quase impede construção do hospital

Em revista editada pelo professor Hilton Rocha, ele revela que em 1975, o prefeito de BH, atendendo um desejo do patrimônio histórico, considerou non aedificandi (proibido qualquer tipo de construção) toda a área do sopé da Serra do Curral. Confira o depoimento feito na época: 

“A quem recorrer? Sentíamo-nos defraudados. Batemos as portas do Palácio da Liberdade. Embora o Governador não fosse mais Rondon Pacheco, encontramos a mesma compreensão em Aureliano Chaves e em seus secretários Marcio Garcia Villela e Maruene Ubirajara da Silva. Depois de informado de nossos problemas, Aureliano convenceu, com sua autoridade e argumentos, o presidente do patrimônio histórico, permitindo que o prefeito Luiz Verano revogasse a injusta portaria. Batalha vencida, retomamos nossa luta. O desafio agora era a obtenção dos recursos necessários pelo menos para a arrancada do projeto. E foi justamente nesta época que surgiu o genial plano do Fundo de Assistência Social (FAS) da Caixa Econômica Federal. Num pais de analfabetos, doentes e carentes; num pais que é um vasto hospital, pelo número de enfermos, mas na realidade sem hospitais e leitos, um plano assim teria que ser chamado de genial e patriótico”.

 

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