Homens assumem a paternidade e deixam de ser só coadjuvantes na educação

Iêva Tatiana - Hoje em Dia
09/08/2015 às 10:20.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:16
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Quem nunca pediu ao pai permissão para sair e recebeu a resposta: “pergunta para sua mãe”. Hoje, esse comportamento vem sendo combatido e delegar a função à mulher está se tornando coisa do passado. Segundo o psiquiatra, educador e escritor Içami Tiba, especialista em educação familiar morto no último domingo, “pai é pai e não ajudante da mãe”. Autor de inúmeros livros com orientações para a família, Içami defendia que pai não tem que ser coadjuvante na educação dos filhos, ele precisa assumir o papel de ator principal, complementar ao da mãe.

Para a pedagoga Érica Machado, a autonomia conquistada pelas mulheres foi fundamental para que as tarefas domésticas começassem a ser compartilhadas. “Por trás do pai que brinca com o filhos, anota na agenda, dá banho e põe na cama há uma mãe que também trabalha, está cansada e não pode fazer tudo sozinha”. Alguns pais ouvidos pelo Hoje em Dia já apresentam esse novo perfil. “Muito longe de quererem substituir a mãe, eles querem tomar parte na educação do filho”, considerava Içami Tiba.

O corretor de imóveis Cláudio Marcio de Almeida tinha 53 anos e quatro filhos adolescentes quando Mariana, hoje com 4 anos, nasceu. Ele diz que, no começo, ficou “apavorado” com a chegada de outra criança, após 12 anos. “A gente não esperava e morava em um apartamento pequeno, com a turma toda”. Mas, depois que a caçula chegou, o susto deu lugar à alegria de ser pai de novo, em uma fase diferente, de maturidade e mais tempo disponível para acompanhar o crescimento dela. “Sinto-me um pai-avô, que passeia no parque e anda de barco, coisas que nunca fiz com os outros. Quando eles eram pequenos, eu era representante comercial e ficava fora a semana inteira”, recorda.

Com a vida mais tranquila, ele faz questão de participar de todos os momentos de Mariana e garante que bota a mão na massa sem medo. “Levanto à noite para cuidar, dou café da manhã e almoço, prazeres que não tive com os outros. Além disso, sinto que já sei alguns atalhos. Não preciso mais ser tão rígido nem radical. Muitas vezes, consigo resolver na conversa o que antes resolvia apenas na bronca”. Mas quem pensa que tanto zelo causa ciúme na turma mais velha, engana-se. “Mariana foi um presente para todo mundo e, hoje, vivo uma espécie de lua de mel com meus filhos, depois de passar tanto tempo ausente”.

Aos 21 anos, Alexandre Reis foi pego de surpresa ao descobrir que seria pai de gêmeos. Ele e a namorada estavam juntos há apenas cinco meses quando a notícia da gravidez foi dada à família. “Chorei o dia inteiro e fui embora mais cedo do trabalho para conversar com minha namorada. Por mais que eu estivesse desesperado, precisava dar um suporte para ela naquele momento”, relembra. Com o tempo, a ideia de tornar-se pai foi amadurecendo e a responsabilidade, chegando. No primeiro mês de vida de Pedro e Davi, hoje com 6 anos, Alexandre tirou férias e acompanhou, diariamente, a rotina dos filhos. “Pai não é só pagar conta, pai ensina, preocupa e também ama. Tudo tem que ser compartilhado”, diz. Hoje, a convivência entre eles é permeada por uma série de atividades: parque, bola, videogame, bicicleta, desenhos. “Quando estou com eles, sou criança novamente”.

A corujice está presente o tempo todo na relação do advogado Fabrício Martins dos Santos, de 36 anos, com a filha Clara, de 4 anos. Depois que “a ficha caiu” e a criança nasceu, segundo ele, as obrigações chegaram junto. “Até o terceiro mês, quem dava banho e trocava fraldas era eu. O primeiro banho durou uns 30 minutos, porque, para um marinheiro de primeira viagem, era difícil. Era uma ‘pessoinha’ indefesa, que parecia que ia quebrar. Depois que me acostumei, a coisa melhorou 100%”.

Tanta proximidade nos cuidados com a filha surpreendeu até a ele mesmo. “Não achei que acompanharia tão de perto”. Fabrício, hoje, percebe a importância de ter sido – e de continuar sendo – presente na vida de Clara. “Acho que o pai que ama deve cuidar desde o começo. Ter contato e conhecer o filho é importante. Não sabemos o que vai acontecer no futuro”.

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