Idosos são alvos fáceis para ação de estelionatários

Patrícia Santos Dumont - Do Hoje em Dia
04/12/2012 às 07:35.
Atualizado em 21/11/2021 às 19:02
 (Marcelo Prates/Hoje em Dia)

(Marcelo Prates/Hoje em Dia)

Promessas de prêmios em dinheiro, oferta de ajuda para realizar saques ou depósitos em caixas eletrônicos e deduções desconhecidas registradas no contracheque ou no extrato bancário podem ser sinais de golpes aplicados, sobretudo, em idosos aposentados.

Alvos fáceis de estelionatários, na opinião da delegada titular da Delegacia Especializada de Atendimento ao Idoso e ao Deficiente de Belo Horizonte, Joana Margareth Leite Penha, eles “confiam demais” em estranhos.

Somente na capital mineira, são registradas, em média, 15 ocorrências mensais do golpe do empréstimo consignado aplicado em aposentados com mais de 60 anos. O total representa 70% dos casos que chegam à Delegacia Especializada de Atendimento ao Idoso.

Confança demais

O excesso de confiança é a principal justificativa para o alto índice de crimes praticados nestas circunstâncias, também na avaliação da coordenadora estadual do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e Idosos (CAOPPDI), do Ministério Público Estadual, Maria Odete Souto Pereira. “O grande mal dos idosos é acreditar e confiar demais em quem não conhece. Sendo assim, acabam caindo em armadilhas, em falsas promessas, perdendo, muitas vezes, tudo o que têm no banco”, afirma.

Bilhete premiado

Foi este o mal da aposentada Maria de Lourdes Lobo, de 75 anos. Há dois anos, ela entregou todo o dinheiro que tinha na poupança, cerca de R$ 5 mil, a uma dupla que prometeu dividir com ela o prêmio recebido por um bilhete, no valor de R$ 100 mil. “Não sei te dizer o que aconteceu, mas eles falam tanto que a pessoa acaba entregando tudo o que tem”, relata.

Após pegar o dinheiro da aposentada, os dois homens, que a abordaram próximo de casa, no bairro Sagrada Família, região Leste de BH, fugiram sem entregar o prêmio e deixar pistas. “É tudo muito bem feito. Qualquer um pode cair nesse tipo de golpe”, acrescenta.

Família

A delegada Joana Margareth afirma que é preciso que o idoso fique atento ao envolvimento de parentes com as finanças. O golpe pode vir de dentro de casa.

O aposentado, que identificou-se apenas como Messias, de 70 anos, mora em Mariana, na região Central do Estado, e acredita ter sido alvo da própria família.

Ele teve os documentos de identidade e cartões bancários falsificados e acabou responsável por um empréstimo consignado no valor de R$ 5 mil. “Tenho quase certeza de que foi alguém muito próximo, certamente algum familiar. Como é que um estranho saberia tanta coisa a meu respeito a ponto de conseguir meus documentos para falsificar?”, questiona.

Denúncia

Levar o golpe ao conhecimento da polícia ou aos órgãos de defesa do consumidor é essencial para resolver o caso. “Assim que identificada qualquer irregularidade, seja bancária ou documental, procure imediatamente o Procon de sua cidade ou vá até uma delegacia de polícia. Falsificação de documentos é crime. É caso de polícia”, enfatiza o coordenador do Procon Assembleia, em Belo Horizonte, Marcelo Barbosa.

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