Integrante do "Bando da Degola" é condenado a 44 anos de prisão

Thaís Mota* - Hoje em Dia
15/07/2013 às 21:12.
Atualizado em 20/11/2021 às 20:05

Após mais de sete horas de julgamento, o estudante de Direito, Arlindo Soares Lobo, foi condenado a 44 anos de prisão, sendo 30 por homicídio triplamente qualificado, dois por formação de quadrilha, nove por extorsão e três ocultação de cadáver. Além disso, o réu terá que cumprir pena inicialmente em regime fechado. Conforme a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), o acusado teve envolvimento na execução e decapitação de dois empresários em abril de 2010, no bairro Sion, região Centro-Sul de Belo Horizonte.    Durante seu depoimento, Arlindo Lobo negou participação no crime e alegou que era coagido pelo chefe do bando, o publicitário Frederico Flores. O réu disse ainda que nunca chamou a polícia porque tinha medo da quadrilha e citou participação de outros policiais no sequestro e assassinato dos empresários Fabiano Ferreira Moura e Rayder Santos Rodrigues. Até então, apenas um policial foi indiciado no processo e aguarda julgamento.   Na fase destinada à defesa e acusação do réu, houve troca de farpas entre o advogado de defesa, Marcos Antônio Siqueira, e o promotor do caso, Francisco de Assis Santiado. A defesa afirmou que era quase impossível que Arlindo Lobo não participasse do crime, uma vez que era coagido por Frederico Flores. Mas a sustentação do advogado foi muito criticada pelo representante do MPE. Santiago rebateu a tese da defesa citando o artigo 29 do Código Penal que diz que quem concorre para o crime ou participa dele de qualquer forma que seja deve ser punido pos seus atos.    Entretanto, o júri, formado por quatro mulheres e três homens, entendeu que o suspeito tinha envolvimento no assassinato dos empresários e acatou todas as acusações apresentadas pela promotoria. O réu continuará preso no presídio Antônio Dutra Ladeira, em Ribeirão das Neves, onde está detido desde junho de 2010, mas a defesa já sinalizou que pretende recorrer da decisão por considerá-la "exacerbada".   Adiamentos   Arlindo Soares Lobo seria julgado juntamente Renato Mozer, condenado em dezembro de 2011 a 59 anos de prisão, por envolvimento nos crimes. Entretanto, o advogado do estudante de Direito pediu o adiamento do júri por motivo de saúde. Após o adiamento, outras três sessões para o julgamento do réu chegaram a ser marcadas, mas não aconteceram.   No último adiamento, o juiz Glauco Eduardo Soares Fernandes decidiu pela instauração de incidente de insanidade mental de Arlindo e, somente após a conclusão da perícia, uma nova data seria designada. O incidente de sanidade mental foi instaurado em outubro de 2012 e concluído em abril de 2013 e o laudo aponta que o réu tinha capacidade normal de entendimento na época do crime.   Entenda o caso   De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), Arlindo e outros sete acusados sequestraram e extorquiram os empresários Fabiano Ferreira Moura e Rayder Santos Rodrigues. Após fazer saques e transferências de valores das contas deles, o grupo assassinou as vítimas em um apartamento no bairro Sion e transportou os corpos no porta-malas do carro de uma das vítimas para a região de Nova Lima, na Grande BH, onde foram desovados.   Ainda conforme a denúncia, os empresários estavam envolvidos em estelionato e atividades de contrabando de mercadorias importadas, mantendo em seus nomes várias contas bancárias, de onde eram movimentadas grandes quantias de dinheiro. As atividades ilícitas chegaram ao conhecimento de Frederico Flores, líder do "Bando da Degola", que passou a manifestar o desejo de extorqui-los e foi ajudado pelos demais acusados. Ao todo, oito pessoas foram presas por envolvimento no crime.   Dos oito acusados de integrarem o “Bando da Degola”, apenas cinco estão presos sendo o publicitário Frederico Flores, apontado como líder do grupo, o policial André Luiz Bartolomeu, o norte-americano Adrian Gabriel Grigorce, o estudande de Direito, Arlindo Lobo, e Renato Mozer, o primeiro a ser julgado e condenado por envolvimento no crime. Mozer foi levado a júri popular em dezembro de 2011 e pegou 59 anos de prisão. Além deles, respondem em liberdade a médica Gabriela Costa, o advogado Luiz Astolfo e o pastor Sidney Benjamin. 

*Com informações de Renato Fonseca

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