Investimento em pista exclusiva abre caminho para os ônibus

Sara Lira - Hoje em Dia
12/12/2014 às 06:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:21
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Belo Horizonte terá quase quatro vezes mais faixas exclusivas de ônibus até 2016. A implantação de mais 80 quilômetros – hoje são 30 – começa já a partir do ano que vem, segundo o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar.   Atualmente, esse tipo de corredor está restrito a algumas vias, como as avenidas Nossa Senhora do Carmo (região Centro-Sul) e Pedro II (Noroeste). A definição das futuras pistas ainda está em estudo, mas Cesar adianta os nomes de algumas que possivelmente serão contempladas: Tancredo Neves (Pampulha), Via do Minério (Barreiro) e Via 240 (Norte). “Vamos privilegiar aqueles corredores onde o volume de ônibus é mais expressivo”, disse.   Não estão previstas obras de alargamento nessas vias. A ideia, segundo o coordenador de Políticas de Sustentabilidade da BHTrans, Marcelo Cintra, é forçar a migração de quem utiliza apenas o automóvel individual para o transporte coletivo. “A meta é tornar o ônibus mais rápido, diminuindo o tempo de viagem, e tentar fazer com que as pessoas troquem o carro pelo ônibus”.   A medida ameniza o problema do trânsito, mas, isoladamente, não é considerada uma solução. É consenso entre especialistas que as grandes metrópoles precisam oferecer um modal diversificado. “Precisamos ter continuidade nas linhas do metrô e um sistema de Veículo Leve sobre Trilho (VLT) para que se tenha um serviço de qualidade”, diz o consultor em transporte e trânsito Silvestre de Andrade.   Para ele, há uma proporção perversa na ocupação do espaço das ruas que precisa ser invertida. Conforme Andrade, cerca de 70% das pessoas se deslocam de ônibus, veículo que ocupa apenas 30% das vias. Já os carros, que transportam muito menos gente (30%), utilizam mais espaço do que o ônibus, ou seja, 70% das vias. “Para promover essa migração, o ideal é um investimento geral”, afirma Silvestre.



  Democrático   Embora a implantação das faixas exclusivas não seja a solução definitiva, o coordenador do curso de engenharia de transporte do Cefet-MG, Guilherme Leiva, considera a medida justa. “As pessoas não devem entender esse tipo de ação como uma guerra ao uso do carro”.   Em São Paulo, pioneira na implantação de pistas apenas para ônibus, o sistema tem servido como suporte ao metrô, que, embora mais abrangente que o de Belo Horizonte, ainda está aquém da demanda da maior cidade do país. “O número de carros não para de crescer, mas não há como alargar a rede viária. O ideal é que as pessoas usem os ônibus, que viajam mais rápido pela faixa exclusiva. BH está indo no caminho certo”, afirma Klara Kaiser, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.   Mas ela alerta que as faixas apenas amenizaram os problemas de tráfego na capital paulista. O que solucionaria é investimento no metrô, por meio de uma organização do sistema de transporte público.   Proibição de circulação divide opiniões entre motoristas   A implantação de novas faixas exclusivas na capital divide opiniões. Há motoristas que acreditam que esses corredores pouco contribuirão para a fluidez do tráfego. “É importante incentivar o transporte público, porque tem certa prioridade no trânsito”, afirma o bancário Wellington Bibiano.   Diariamente, ele trafega pela avenida Tancredo Neves, na região da Pampulha, e conta que trocaria o carro pelo ônibus caso o coletivo fosse mais ágil.    Já na Via 240, na região Norte, alguns condutores temem que as faixas prejudiquem a circulação. “O trânsito por aqui piora nos horários de pico, e acho que as faixas podem atrapalhar. Geralmente, elas ficam na direita e prejudicam quem vai fazer uma conversão”, frisa o motorista Sérgio Gonçalves.

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