Investimentos e melhor relação com a população diminuem incêndios em Minas

Álvaro Castro - Do Portal_HD
13/10/2012 às 14:21.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:11
 (Marcelo Prates)

(Marcelo Prates)

Milhares de hectares queimados, centenas de brigadistas empenhados, milhões de reais gastos no combate ao fogo. Este foi o triste cenário do período de seca em Minas Gerais em 2011, sobertudo nas unidades de conservação administradas pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF). A boa nova é que o número este ano é sensivelmente menor, resultado de investimentos e, principalmente, políticas de educação e conscientização da população que vive em seu entorno. A queda do número de focos de calor (medida feita por satélite e que capta além de incêndios, caldeiras e queimadas em outras áreas) de janeiro a outubro foi de 15.128 para 8.962 até o dia 3 deste mês.

Este é o quadro apresentado pelos dados fornecidos pelo órgão e reforçado pelo secretário estadual de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, Adriano Magalhães Chaves. De acordo com o secretário, um fator determinante foi o fortalecimento da Força-Tarefa Previncêndio. De 2011 para 2012, o salto em investimentos foi bastante significativo, passando dos R$ 4 milhões para R$ 26 milhões. “Esse crescimento é resultado da vontade do governo de se estruturar melhor, mas também de importantes parcerias com o setor privado, nas áreas de ações preventivas, combate a incêndios e iniciativas como a sala de monitoramento inaugurada no Parque Estadual do Rola Moça”, disse.

O dinheiro serviu para a aquisição de motos, caminhonetes, obras de infra-estrutura para os brigadistas, materiais de combate, etc. Além do crescimento material, pode-se destacar também os profissionais, que foram repostos. Atualmente o IEF conta com 840 profissionais espalhados pelo Estado, entre guarda-parques, monitores e equipes de apoio, que são treinados para atuar como brigadistas e atuarem no primeiro combate às chamas. Com o apoio de 1.300 bombeiros, 1.200 soldados da Polícia Militar de Meio ambiente, Minas têm um total de 5.000 combatentes fixos.

Uma mudança foi a aquisição de novas aeronaves. Atualmente a Força-Tarefa possui helicópteros à disposição, próprios e dos bombeiros, Polícia civil, militar, além de nove aviões do tipo Air-Tractor. “Em comparação, o Instituto Chico Mendes, responsável pela monitoração dos parques nacionais possui seis aeronaves do tipo para monitorar todo o território nacional”, explica o secretário.

Educação, conscientização e reorganização fundiária auxiliam no controle

Além dos investimentos em educação, o IEF vem trabalhando para se integrar às populações em seu entorno. Por isso, o instituto vem priorizando a contratação de famílias que vivem próximas às Unidades de Conservação. “Dessa forma, geramos renda para estas famílias e as trazemos para dentro dos parques, aumentando a sintonia entre a população e a área de conservação”, diz Adriano. Outra medida é a regularização e a revisão dos limites das unidades, medida que pode auxiliar no correto uso e ocupação das áreas das unidades de conservação e também de seu entorno.

Um exemplo de como essas medidas podem ser eficazes é o Parque Estadual da Serra do Papagaio, localizado nos municípios de Aiuruoca, Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto, sul de Minas. O parque foi criado na década de 1980 e seus limites definidos com base em mapas de curvas de nível. Com isso, áreas de pastagem e moradias ficaram dentro dos limites, enquanto áreas de floresta ficaram em seu entorno. Desde o ano passado, o IEF revê seus limites e com isso reorganizou a unidade de conservação, corrigindo os erros e deixando as áreas produtivas e de moradia de fora e incorporou as florestas.

De acordo com o IEF, essa medida aproximou a população e fez com que as ações de educação fossem mais fáceis e efetivas, além de corrigir os erros, deixando as áreas de floresta dentro do parque. Como resultado, o parque que foi um dos campeões de área queimada e de ocorrências de incêndios em 2011 é a “menina dos olhos” este ano. Saltou de 11 ocorrências e 7.000 hectares destruídos para apenas duas ocorrências e 20 hectares atingidos, sendo zero em seu entorno nos dois quesitos.

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