Isenção à construtora em Montes Claros foi revertida em propina

Amália Goulart - Do Hoje em Dia
29/06/2012 às 10:30.
Atualizado em 21/11/2021 às 23:11
 (Dione Afonso)

(Dione Afonso)

Até imóveis do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’ teriam sido negociados, em troca de propina, por acusados de pertencerem à quadrilha que fraudava merenda escolar no Norte de Minas. Gravações telefônicas, realizadas com autorização judicial, mostram o secretário municipal de Serviços Urbanos, João Batista Ferro, pedindo R$ 200 mil a um funcionário da construtora Em Casa.

O Ministério Público Estadual (MP) investiga se o recurso refere-se a um contrato de R$ 19 milhões que a empresa mantém com a Prefeitura de Montes Claros. Na ocasião, o vereador Athos Mameluque conseguiu aprovar na Câmara projeto que concedia isenção fiscal a empreiteiras. No ano passado, nova medida acabou com cauções que empreiteiras teriam de dar à administração. João Ferro e Athos estão presos.

O funcionário da Em Casa chama-se Hélio. O Hoje em Dia entrou em contato com a empresa e pediu para falar com o servidor, que não foi encontrado. Na interceptação da Polícia Federal, João Ferro diz que os R$ 200 mil seriam para Wilson. Os investigadores acreditam que trata-se de Wilson Cunha, empresário do setor hoteleiro.

“O quê que custa essa p... dessa empresa arrumar R$ 200 mil pra mim aí, moço. O homem tá doente, tá precisando, e outra coisa, quantos outros negócios nós temos? Ele autorizou fazer lá no São Geraldo, autorizou ontem, p... Arruma emprestado aí”, diz João Ferro.

Em outro trecho, o secretário informa a Wilson que o prefeito Tadeu Leite (PMDB) já assinou o contrato. “Peguei o negócio na prefeitura hoje, já mandei para Belo Horizonte. Tadeu assinou lá. Fui lá no gabinete dele, certo? A empresa lá já pagou o seguro do empreendimento para a Caixa Econômica. O trem tá bem adiantado viu”, afirmou.

João Ferro chega a chamar Hélio de “bandido” por demorar na entrega da propina. O secretário afirma ainda que não estava preocupado com inaugurações, mas com o repasse do recurso. “Não tô preocupado com isso não. Estou preocupado é em resolver o problema nosso”, completa.

Acompanhe a cobertura completa do caso na edição digital do Hoje em Dia.

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