Julgamento de Bola é interrompido e veredito deve sair nesta quarta-feira

Alessandra Mendes e Fernando Zuba - Do Hoje em Dia
06/11/2012 às 22:36.
Atualizado em 21/11/2021 às 17:57
 (Eugênio Moraes)

(Eugênio Moraes)

Após mais de 12 horas, a juíza Marixa Fabiane Rodrigues decidiu encerrar o julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Os trabalhos começaram às 9h30 desta terça-feira (6) e foram encerrados às 22h20. O julgamento reinicia na quarta-feira (7) já na fase de debates entre a defesa e acusação. Bola é julgado pela morte de um carcereiro em maio de 2000.

Conforme o protocolo, na quarta-feira os advogados de Bola e a promotoria terão 1h30 cada para apresentar seus argumentos. Depois, cada parte terá uma hora de réplica e uma hora de tréplica. O conselho de setença se reúne em seguida para definir se Bola é culpado ou não. Logo na sequência a juíza dará seu veredito.

Matador

“Matador especializado e experiente”. Assim o ex-chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Edson Moreira classificou o ex-policial civil. Durante depoimento, no fórum de Contagem, Moreira foi ouvido por duas horas pelos advogados de defesa. 

Quando deixou o Fórum, por volta das 22h40, o delegado disse a imprensa que o réu está querendo desmoralizar as autoridades. A declaração do chefe do DHPP foi dada porque Bola afirmou que foi aluno de Moreira, em 1992, e que, desde então, era perseguido por ele. O ex-policial chorou durante seu depoimento, mas Moreira não se comoveu com as lágrimas. "Isso são lágrimas de crocodilo", classificou o delegado, que garantiu não ter dúvidas de que Bola é um criminoso.

Edson Moreira atacou Bola durante seu depoimento (Foto: Renato Cobucci)

Liderados por Ércio Quaresma, os advogados tentaram desestabilizar o delegado, questionando-o sobre declarações dadas à imprensa há mais de dez anos sobre outro crime, que não tem relação com o assassinato do carcereiro Rogério Martins Novello.

Foi preciso uma intervenção do promotor no depoimento, pedindo que a juíza Marixa Fabiane Rodrigues não permitisse o debate entre o defensor e a testemunha, solicitação atendida pela magistrada.

Revolta

Revoltada com o julgamento, Middian Kelly dos Santos, filha do réu, garantiu que seu pai é inocente. "É fácil falar contra o meu pai, mas é difícil provar. Assim como o Edson falou que meu pai está mentido, eu também afirmo que ele está mentido. E tenho como provar".

A filha de Bola, Middian, ficou revoltada com o depoimento de Edson Moreira (Foto: Frederico Haikal) 

Marcação

Bola também foi interrogado nesta terça. Abatido e bem mais magro, ele chegou a chorar em alguns momentos e afirmou ser perseguido por Edson Moreira. Na versão do réu, "tudo o que está acontecendo é por ele ser considerado desafeto do delegado, de um inspetor da Polícia Civil e de um delegado aposentado".

“Temos evidências de que o Edson Moreira provocou, criou provas contra Marcos Aparecido dos Santos. Existe uma inimizade entre eles que nasceu em São Paulo”, afirmou um dos defensores de Bola, Fernando Magalhães. 

Houve uma tentativa de mostrar que o delegado e o ex-policial civil chegaram a se conhecer em terras paulistas, onde Moreira atuou na Polícia Militar e Bola, no Corpo de Bombeiros.

Apesar dos esforços, o ex-chefe do DHPP negou ter conhecido o réu antes de 1992, quando o nome de Marcos, também apelidado de Paulista, surgiu como suspeito de um homicídio na região de Venda Nova, em Belo Horizonte.

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