Lei Seca faz dez anos com redução do número de motoristas sob efeito de álcool

Mariana Durães
mduraes@hojeemdia.com.br
18/06/2018 às 19:11.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:48
 (CARLOS RHIENCK/ARQUIVO HOJE EM DIA)

(CARLOS RHIENCK/ARQUIVO HOJE EM DIA)

O número de motoristas flagrados dirigindo sob o efeito de álcool caiu cerca de 70% em Minas, de 2012 a 2017. O medo de ser preso após constatada a embriaguez ao volante e ainda de pagar uma multa de quase R$ 3 mil estão entre os principais motivos para a queda. Autoridades também garantem que as pessoas estão mais conscientes, e as operações para combate a irregularidades, constantes.

Hoje, quando se completam dez anos de Lei Seca no país, especialistas em trânsito, no entanto, cobram mais fiscalização nas ruas e garantem que muitas pessoas ainda precisam se conscientizar sobre os riscos da imprudência. Uma pesquisa recente do Ministério da Saúde apontou que 13% dos homens admitem beber e dirigir em Belo Horizonte.

“As pessoas sabem que é errado, mas os motoristas encontraram formas de fugir, utilizando redes sociais e aplicativos. Acredito que a estratégia também pode ser outra. É possível que equipes da polícia, mesmo durante as rondas, identifiquem o comportamento do condutor e façam a abordagem”, afirma o presidente do Instituto Brasileiro de Segurança no Trânsito, David Duarte Lima. 

Desde abril, a punição para quem dirige após consumir bebida alcoólica e provoca acidentes com mortes ou feridos está mais rigorosa. A pena pode chegar a até 8 anos de cadeia. Antes, a condenação máxima era de 4 anos e os envolvidos podiam recorrer, revertendo a prisão em serviços à comunidade.

“No começo, tivemos uma boa intensidade na fiscalização, mas com o tempo caiu. Só aumentar a penalidade ou o valor da multa quase não tem efeito se não identificarmos quem comete o crime”, diz o especialista em trânsito Márcio Aguiar.

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) diz que a campanha “Sou pela Vida. Dirijo sem Bebida” aponta um crescimento de 43% nas abordagens de motoristas pelas polícias, na comparação entre 2016 e 2017. “Quando se compara, por exemplo, 2012, que é o primeiro ano inteiro de abordagens, com 2017, tem-se um crescimento de 312%”.

Punição para quem dirige após beber e provoca acidente com mortes está mais severa, podendo render até 8 anos de cadeia

Na capital

Assessor de comunicação do Batalhão de Trânsito de BH, o tenente Marco Antônio Said informou que na capital as blitze também têm aumentado. Em 2016, foram 154 operações e, no ano passado, 560. No primeiro trimestre de 2018 foram realizadas 208 ações. 

Para ele, a presença da polícia nas ruas inibe o comportamento inadequado. O tenente ainda reforça que a legislação tem proporcionado avanços. “A regra é bastante rígida. As pessoas ficam com receio de pagar a multa, que em caso de reincidência chega a R$ 6 mil. O risco de ter o direito de dirigir suspenso também chama a atenção”, afirma. 

Até 2012, os flagrados dirigindo sob o efeito de álcool tinham que pagar R$ 957. Nos quatro anos seguintes, o infrator desembolsava R$ 1.915 e, hoje, R$ 2.934. A multa é gravíssima e rende sete pontos na carteira.

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