Lixo na rua por longo período causa infestação de moscas em BH

Mariana Durães
mduraes@hojeemdia.com.br
17/11/2017 às 07:29.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:44
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

Lixo depositado na rua, fora do horário de coleta, por moradores e comerciantes de BH provoca não só mau cheiro. Além da fedentina, que piora com o calor, obriga a população a conviver com uma infestação de moscas. Em bairros dos quatro cantos da cidade, como Carlos Prates (região Noroeste), Floresta (Leste), Novo Tupi (Norte), Prado (Oeste) e Santa Amélia (Pampulha), as queixas sobre os insetos e relatos de descarte inadequado e de entulho acumulado são frequentes.

Assunto que não sai da boca do povo nos últimos dias, quando o calor se intensificou, a proliferação de moscas causa incômodo e pode propagar doenças. Para evitar que os insetos sejam atraídos, é importante respeitar as instruções do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) de descarte, como local, período do dia e embalagem adequada. 

Em 89 bairros da capital, por exemplo, a coleta é realizada à noite. No entanto, em vários pontos isso não é levado em conta pelos moradores, e o lixo começa a ocupar calçadas horas e até dias antes de o caminhão passar.

No Prado, onde o recolhimento dos resíduos é realizado às segundas, quartas e sextas-feiras, na parte da manhã, é fácil flagrar o desrespeito. Ontem, às 14h, o lixo orgânico de uma lanchonete na rua dos Pampas já havia sido colocado na rua, quase um dia antes do recomendado. 

Uma atendente de caixa de um comércio nas proximidades, que preferiu não ser identificada, confirma que o problema é recorrente. “Os estabelecimentos daqui não respeitam dia e horário, deixam o lixo durante o fim de semana inteiro na porta, a céu aberto. É muita mosca e incomoda, principalmente porque trabalhamos com comida”, pondera.

No bairro Santa Amélia, moradores reclamam que as praças são usadas como ponto de descarte e praticamente viram “lixões”. Na Floresta e no Carlos Prates, a dificuldade é respeitar o dia de coleta. 

“As moscas e os ratos tomam conta, mas precisamos ser justos: a coleta passou a ser à noite e as pessoas não respeitam, colocam na rua um dia antes”, comenta Jairo Hudson de Mendonça, de 68 anos, morador do bairro Floresta.

Riscos

As moscas carregam vírus e bactérias e, por isso, podem transmitir doenças e contaminar alimentos. “Esses insetos podem gerar desde lesões na pele, porque há espécies que depositam larvas, até quadros de diarreia, quando pousam em locais contaminados e depois nos alimentos”, explica o infectologista Carlos Starling.

Para evitar o problema, a principal prevenção é combater o foco – leia-se lixo e matéria orgânica – e manter a higiene. De acordo com o especialista, as moscas se reproduzem com rapidez, devido às altas temperaturas, que também aceleram a decomposição dos restos orgânicos.

Além disso:
O lixo mal acondicionado pode acabar sendo aberto e espalhado por animais ou por quem procura latinhas e restos de alimentos, deixando expostas embalagens que acumulam água. 

A questão levanta um outro tipo de preocupação, com a proliferação do Aedes aegypti, que transmite não só a dengue, como zika e chikungunya. 

De acordo com a infectologista Sílvia Hees de Carvalho, é preciso ter cuidado com o descarte de resíduos, principalmente porque o calor e a chuva contribuem para a proliferação do vetor. “Evitar isso depende muito da participação da população”, afirma.
 Maurício Vieira/BH Região Norte: No bairro Tupi, lixo orgânico fica acumulado de um dia para o outro


Ratos e animais peçonhentos também são atraídos por resíduos acumulados

Ratos, baratas e até escorpiões são presença certa em locais com lixo e entulho e preocupam a população. Neste ano, de janeiro a outubro, foram 6.969 solicitações de controle de roedores, peçonhentos e outros vetores de doenças feitas à Prefeitura de BH.

Os animais invadem residências perto dos pontos de descarte. Bem em frente a um depósito no bairro Novo Tupi, região Norte da cidade, mora Clarice Souza, de 47 anos. 

A dona de casa relata que precisa conviver com ratazanas. “Já aconteceu de estar cozinhando e as ratazanas andando pelo teto. Um horror”, lembra. Ela diz que a coleta de lixo acontece corretamente; o que atrapalha são os moradores, que não respeitam.

Os roedores são atraídos pela comida. Com a temporada de chuvas, a leptospirose, doença transmitida pela urina do rato, preocupa. “Isso é um risco, porque a urina do rato pode ser transportada na água com a qual as pessoas eventualmente têm contato”, esclarece o infectologista Carlos Starling.

Moradora do Carlos Prates há 21 anos, Maria Angélica Silveira, de 59, conta que o descarte irregular já foi tema de reunião no prédio em que reside. “Falta compromisso da população. Aqui tem muita barata, se não cuidarmos, elas começam a invadir nossas casas”, comenta.

Além do desrespeito ao descarte de lixo orgânico, o despejo irregular também constitui risco. Materiais de construção, madeiras, móveis e outros objetos servem de esconderijo para ratos e são ambientes perfeitos para escorpiões, que costumam habitar locais frescos e escuros.

A SLU informou que “sempre que há necessidade, as equipes do Departamento de Políticas Sociais e Mobilização da SLU entram em campo para dialogar com os cidadãos, reforçando as instruções sobre o correto descarte dos resíduos, utilizando também material educativo”.

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