Locais de 12 % dos crimes em BH são ignorados; para PM, percentual é de 0,5%

Bruno Moreno
bmoreno@hojeemdia.com.br
09/03/2017 às 21:50.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:41

Quase 22 mil crimes violentos registrados em Belo Horizonte, nos últimos cinco anos, aconteceram em locais desconhecidos. A informação consta em documento oficial da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) que, a pedido do <CF37>Hoje em Dia</CF>, reuniu todas ocorrências de roubo, homicídio, estupro, sequestro e extorsão cometidos na capital, de 2012 a novembro de 2016. A Polícia Militar questiona o percentual dos dados fornecidos pela secretaria da área. 

Para especialistas, a falta da localização exata dos crimes dificulta o trabalho de apuração das forças de segurança e a implantação de políticas públicas para combater a criminalidade na capital, onde foram anotados mais de 183 mil registros neste período.

No documento, a Sesp classifica os locais desconhecidos como “inválidos”. Percentualmente, os endereços imprecisos estão em 12% do total de ocorrências. “Isso é um erro primário, grosseiro. É preciso investir em treinamento para que não aconteça mais. A falta do conhecimento do local do crime impacta na qualidade do dado e no planejamento de políticas públicas”, enfatizou o pesquisador do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública (Crisp), da Universidade Federal de Minas Gerais, Frederico Marinho.

Esses números não são tão alarmantes pra mim, porque a gente sabe onde os crimes estão acontecendo. É uma questão interna, que a gente busca resolver no dia a dia. Mas isso não quer dizer que não está caindo nos meus números. A única coisa que não pode estar errada é o código da ocorrênciaCoronel Winston Coelho CostaComandante do Policiamento da Capital

Menos de 1%

No entanto, o coronel Winston Coelho Costa, responsável pelo Comando de Policiamento da Capital (CPC), afirma que a PM trabalha com um cenário de menos de 1% de informações erradas, e que isso não afeta a elaboração de políticas públicas de combate à criminalidade.

“(Esses dados inválidos) não repercutem no meu planejamento. Porque o meu número é muito menor do que o seu (obtidos a partir de documento da Sesp). Não chegam a 0,5% dos meus registros. É baixíssimo”, afirma.

De acordo com o coronel, quando fala-se “inválido”, pode ser porque muitas vezes o sistema não está atualizado com um determinado endereço.

“Às vezes a rua cresceu. Aí ele se torna inválido por não ter aquele logradouro cadastrado no sistema, mas cai para Belo Horizonte. O comandante do setor tem domínio do que aconteceu ali”, explica.

O oficial entende que a confusão pode ser causada também por falta de cuidado durante a redação do B.O., mas afirma que tem treinado a tropa para diminuir os erros.

A Sesp foi procurada ontem para comentar a diferença entre os percentuais de locais inválidos fornecidos pela secretaria e os da PM. No entanto, até o fechamento desta edição, a pasta não retornou.

Mesmo em queda, roubos lideram as preocupações da PM

O combate aos roubos é, atualmente, o maior desafio da Polícia Militar em Belo Horizonte. O coronel Winston Coelho Costa, comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), avalia que o trabalho da Polícia Militar tem reduzido o número de crimes na cidade, e afirma que a parceria com as comunidades é fundamental para a redução da criminalidade. Confira a entrevista.

Qual a avaliação que o senhor faz das ocorrências de crimes violentos em Belo Horizonte nos últimos anos?
A partir dos seus dados, a gente vê que houve um acréscimo em 2015. Tivemos também um acréscimo em 2016, mas estamos conseguindo, a partir do esforço, da estratégia policial, do planejamento, do desempenho dos policiais da nossa instituição, da PMMG, agente teve a partir de maio uma estabilização, e um decréscimo criminal a partir de junho. Isso se comparando com os mesmos meses de 2015. Iniciamos também em janeiro e fevereiro (deste ano) com um decréscimo criminal, e a gente está buscando, com todos os esforços que a gente tem, a permanência desse decréscimo, que eu tenho certeza que, em breve, vai ser sentido pela população belo-horizontina.

Qual crime preocupa mais a Polícia Militar?
O roubo, porque ele tem maior volume, e tem sido sentido pelo maior número de pessoas. Eu não posso desconsiderar a vida humana. Então, cada um dos homicídios que acontecem, mesmos sendo em menor número, isso repercute na sociedade, e é nossa missão preservar a vida. Mas os roubos a gente tem atacado de uma maneira mais densa, de forma que cada vez mais um número menor de pessoas sejam lesadas em relação ao seu patrimônio.

Qual o grande desafio da PM hoje?
Aperfeiçoar ainda mais a análise criminal, reduzir ainda mais o efetivo administrativo, de forma que se tenha um corpo ainda maior no serviço operacional de atendimento às pessoas, e de combate ao crime, obter o apoio de outros órgãos que pertencem ao sistema de segurança pública do Estado, bem como os que não estão nesse sistema, mas que faz repercutir, faz a gente ter um tranquilo encaminhamento de todas as ocorrências e demandas da Polícia Militar. A gente precisa também muito da participação das pessoas, em todas as reuniões comunitárias que a gente faz, de conselho de segurança pública, as redes de vizinhos e de comércio, as redes de proteção. Isso tudo nos ajuda a colocar o policial no local e horário certo, inibindo a probabilidade do crime.

O mês de dezembro é o que registra o menor número de roubo no Centro da cidade, principalmente em função das operações natalinas. Não seria possível aumentar o efetivo em todos os outros meses do ano?
Isso eu fiz com a última formatura dos soldados. Um dos maiores encaminhamentos de soldados foi para o 1º Batalhão, que tem responsabilidade de policiamento do centro, da Savassi, dos nosso maiores centros comerciais. Então, eu tive esse cuidado, justamente para reduzir a oportunidade e o crime nessas áreas, em que possuo serviços sendo executados, o comércio a todo vapor, gerando renda e emprego para toda a população.Editoria de Arte / N/A


 


 

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