Mais da metade das mulheres têm sobrepeso

Raquel Ramos - Hoje em Dia
22/08/2015 às 07:21.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:27
 (Frederico Haikal/Hoje em Dia)

(Frederico Haikal/Hoje em Dia)

Mudanças de hábitos levaram muitas mulheres ao excesso de peso nos últimos anos. Hoje, já são quase 60% de brasileiras fora dos padrões considerados saudáveis – percentual maior do que o dos homens –, segundo pesquisa divulgada nesta sexta-feira (21) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pelo Ministério da Saúde. A situação não é mais animadora no Estado: 55,9% das mineiras precisam emagrecer.   Preocupantes por si só, os números a mais na balança trazem uma apreensão extra quando a gordura acumula na cintura. Nessa região, o tecido gorduroso produz substâncias que aumentam o risco de entupimento das artérias, frisa o endocrinologista Josemar de Almeida, professor na UFMG. E, pelo estudo, mais da metade das mulheres do país têm a circunferência abdominal maior do que o recomendado (88 centímetros para a mulher e 102 para homens). O mesmo problema só atinge 21% do sexo oposto.   Fatores   A explicação para o ganho de peso das mulheres não é apenas científica. Para o cardiologista Marco Aurélio Toledo, foi a entrada no mercado de trabalho, o aumento do estresse e vícios como cigarros que, nos últimos anos, levaram tantas brasileiras a esse quadro.   Aliás, é a partir da faixa etária dos 35 aos 44 anos que o sexo feminino passa a ter maior percentual de sua população com sobrepeso. É também nessa idade que, geralmente, elas estão mais atarefadas com as atividades domésticas e do trabalho, o que dificulta o cuidado com o corpo.   A comerciante Adriana Vieira sabe muito bem disso. Foi depois do 40º aniversário que começou a ter dificuldade para controlar o peso que, hoje, está 13 quilos acima do ideal.   Uma vida mais sedentária e dormir fora dos horários são alguns dos culpados, ela diz. “Além disso, trabalho em um pizzaria e a grande oferta de alimentos me prejudica na hora de fazer uma dieta”. Recentemente, Adriana procurou ajuda de especialistas para conseguir vencer o “efeito sanfona”.   Doenças crônicas   O problema de estar fora de forma não é meramente estético. O excesso de peso é fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e cardiovasculares. “A hipertensão, principalmente, cresceu muito entre as mulheres. Há 30 anos, havia quatro homens hipertensos para cada mulher. Hoje, a proporção já é praticamente a mesma”, alerta Marco Aurélio.   Para evitar esses transtornos, o endocrinologista Josemar sugere exercícios físicos e alimentação regrada. “Sobretudo após a menopausa, quando o nível de estrógeno no corpo diminui, hormônio que protege as mulheres contra problemas cardíacos”.   Hábitos ruins de alimentação já começam na infância   No Brasil, o consumo de alimentos ricos em açúcar e gordura começa nos primeiros anos de vida. Segundo a pesquisa do IBGE e do Ministério da Saúde, três em cada dez crianças com menos de 2 anos tomam refrigerante ou suco artificial. A proporção das que comem biscoitos, bolachas e bolos é ainda maior: seis em dez.   Hábitos alimentares ruins na infância podem causar a obesidade na vida adulta, alerta o pediatra Benedito Scaranci Fernandes, professor da Faculdade de Medicina da UFMG. “Quando esse tipo de comida é dado com frequência, a criança desenvolve um paladar voltado para esses produtos”.   E esse não é o único problema. Além de muito calóricos, biscoitos, bolos e refrigerantes têm excesso de sal e de açúcar e são carentes em vitaminas e sais minerais, explica o médico.   Em casa   A família é a principal responsável por incentivar o desenvolvimento de bons hábitos alimentares dos pequenos. Segundo o médico, a criança vai querer consumir a mesma comida dos pais. O empresário Thiago Henrique da Cruz Noberto fez essa constatação em casa. O filho Pedro Henrique, de 11 meses, acabou experimentando refrigerante muito cedo porque viu os pais tomando um.   “Para ele não ficar aguado, a gente dá um pouco. Outro dia, estávamos no shopping e ele quis porque viu minha esposa bebendo. Tenho outro filho, de 3 anos, que começou a tomar refrigerante com 1 ano e meio de idade e, hoje, já virou um hábito”.   Se o consumo de bebidas artificiais e guloseimas fosse raro, não haveria problema, diz o pediatra Benedito. O problema é que é esse o tipo de comida que as crianças estão levando como lanches para a escola.   Trocas   A recomendação médica é substituir bebidas artificiais por sucos naturais, que trazem mais benefícios para a saúde. E, no lugar de doces, oferecer frutas, verduras e legumes. “Muitos estudos mostram que a falta dessas comidas é o segundo fator de risco vinculado ao câncer”, alerta o especialista.   - Índice de Massa Corporal (IMC) – calculado dividindo o peso pela altura ao quadrado – acima de 25% já indica sobrepeso; embora o DNA determine em cerca de 70% o IMC de uma pessoa, bons hábitos podem driblar essa carga genética predisposta à obesidade.    

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