Mais de 20 mil pessoas participam da 17ª Parada do Orgulho LGTB em BH

Elemara Duarte - Hoje em Dia
10/08/2014 às 20:32.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:44
 (André Brant/Hoje em Dia)

(André Brant/Hoje em Dia)

Nega maluca, Chapeuzinho Vermelho e Malévola estão entre os 20 mil participantes da 17ª Parada do Orgulho LGBT de Belo Horizonte, na tarde desse domingo (10), na Praça da Estação. Em clima de festa, os personagens da ficção se engajaram na causa dos gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais integrantes da comunidade identificada pela sigla "LGBT". Alguns participantes chegaram a gastar mais de R$ 400 com as "montagens". Como de costume, o público estimado pela Polícia Militar percorreu várias ruas da região Centro-Sul da capital até a rua Professor Morais.   "Cada um tem seu jeito de expressar", comentou um professor de biologia, de 44 anos, que pediu para não se identificar. Com a fantasia da nega maluca "Cidinha", em menos de uma hora, calcula, ele atendeu a mais de 50 pedidos para fotos. É o preço da fama temporária. Porque o outro preço, o da roupa, foi de pelo menos R$ 400. Peruca, vestido encomendado na costureira, segunda pele negra em tecido e algumas horas para se "montar". A maquiagem foi ensinada por amigos também gays que se fantasiam. "Vale a pena demais. A gente se solta aqui".   Malévola, na Parada de BH, só a fantasia de um estudante de direito, de 22 anos, também com nome sob sigilo. A referência à vilã do filme da atriz Angelina Jolie é uma referência ao preconceito. O estudante não calculou quanto gastou para a roupa com várias camadas de tafetá preto, mão de obra da costureira e tudo mais. Porém, ele garante que para a Parada vale a pena qualquer esforço.    "Antes, vinha sem a montagem e já me sentia praticamente em casa", diz o estudante, que veio com o noivo, que é vendedor e da mesma idade, vestido de Chapeuzinho Vermelho. A sogra acompanhava o casal. "Eles nos aceitam. Vamos às festas da família. Tudo normal"   E para quem não se valeu de boas economias para se vestir à altura do encontro, a saída foi conseguir pelo menos uma pulseirinha com com as seis cores - símbolo da diversidade. Na barraca da Acessórios Arco-Íris, por R$ 5, o problema pode ser resolvido. "É o que mais sai", garante a proprietária Adriana Arco-Íris. A comerciante de 45 anos mantém a loja fixa com sua marca no Centro de São Paulo há pelo menos vinte anos. "É a primeira loja para o público LGBT do Brasil", garante.   Hoje, além da loja fixa, Adriana percorre vários estados brasileiros com a barraca de roupas e acessórios típicos, em outras paradas. "Hoje tem parada gay até em bairro", diz. Quando entrou no movimento, lembra Adriana, não havia debate sobre orientação sexual. "Minha mãe me respeita desde que eu me descobri. Ela quem fez a primeira bandeira da Parada de São Paulo, aquela de 50 metros que o público carrega. Fui uma das fundadoras daquela passeata", lembra.   Diversidade e educação   Entrando no clima de eleição, o tema da parada neste ano foi escolhido por votação: "Vote contra a violência. Eleja quem te representa!". "Neste ano, que vamos às urnas devemos escolher candidatos que estejam do nosso lado e a serviço da garantia dos direitos humanos. (...) Precisamos votar em candidatos realmente comprometidos com o combate à homofobia e com a nossa luta por direitos afim de nos colocar em igualdade de direitos a todos os outros cidadãos brasileiros", conclamava o site do Centro de Luta Pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais (Cellos), um dos organizadores do evento.   Um dos motivadores para a escolha do tema é a polêmica em torno da proposta da "Cura Gay" proposta em Brasília no ano passado. "Resistimos às mais diferentes investidas conservadoras dos parlamentares homofóbicos e conseguimos retirar este projeto de votação. Uma luta vitoriosa de alguns parlamentares aliados, de militantes LGBT e de milhares que protestaram, seja nas ruas, seja nas redes sociais", continuou o texto no site da instituição.   Adriana Arco-Íris diz que a questão do sofrimento é a "falta de respeito com o próximo", que ela e tantos sofrem por causa da orientação sexual. E no entendimento da diversidade da vida, acrescenta, é que a lei deveria entrar, de forma a estimular a educação. "Existe lei educativa para o movimento negro. No Brasil, até uma árvore ou um animal têm uma lei que os protegem. Mas nós não temos".   Até o momento da postagem desta matéria, a major Elisângela Aldrin Cota Ramos, do 1º Batalhão da Polícia Militar, informou que o movimento era tranquilo na praça e sem ocorrências, apenas desentendimentos breves entre casais.  

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