Maternidade de Venda Nova não sai do papel

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
28/08/2015 às 06:44.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:32
 (Flávio Tavares)

(Flávio Tavares)

Planejada para ser um ambiente acolhedor, confortável, oferecer atendimento humanizado e reduzir o número de cesarianas, a Maternidade Leonor Leonina Pinheiro não tem data para sair do papel. O hospital, construído na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Venda Nova, em Belo Horizonte, deveria ter sido inaugurado em junho de 2009. Seis anos depois e quase quatro vezes mais caro, não tem data para ser entregue.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) informou em nota que 70% das obras foram concluídas, mas que o espaço ainda não tem condições para atender gestações de baixo, médio e alto risco. A maternidade, que terá capacidade para realizar até 200 partos por mês, irá oferecer seis suítes com banheira e dez leitos de UTI neonatal.

Inicialmente orçadas em R$ 2,2 milhões, as obras terão custo aproximado de R$ 8 milhões. Os recursos, segundo a SMSA, ainda não foram viabilizados.

Justificativa

De acordo com a prefeitura, as obras atrasaram, pois a empresa vencedora da licitação desistiu de executá-las, em 2012. A prefeitura não soube esclarecer se, desde então, as intervenções estão paradas.

Na cidade, uma das unidades de saúde que oferecem partos normais, naturais e ambientes humanizados, com métodos não farmacológicos para alívio da dor, é o Hospital Sofia Feldman, referência nacional em boas práticas na atenção ao parto.

Entre janeiro e julho de 2015, foram realizados 7.156 procedimento, média de 1.022 por mês. Do total, 74% foram naturais, sendo 6% deles na água. Em apenas 32% dos casos as parturientes utilizaram analgesia.

Escolha

Mesmo dispondo de um plano de saúde, a advogada Gabriella Sallit, de 36 anos, optou por dar à luz os dois filhos – João, de 3 anos, e Francisco, de 1 ano e meio – no Sofia. “Foi em função da assistência técnica. Todo recurso farmacológico tem consequência, gera ônus para o bebê. Mas também não queremos que as parturientes sejam condenadas a ter filhos como no século passado. A escolha é pelo método mais saudável”.

Coordenadora do Centro de Parto Normal da maternidade, a enfermeira obstetra Maria Amaral de Sá Motta acredita que a maneira como a mulher é tratada no pré, pós e durante o parto faz toda a diferença na escolha.

“Um número cada vez maior de mulheres tem procurado ambientes como o nosso, que as colocam como protagonista do parto. Buscamos intervir o mínimo possível e respeitar o desejo de cada uma”.

A Pesquisa Nacional de Saúde 2013, do IBGE, mostrou que, em dois anos, 55% das brasileiras ganharam bebês com intervenção cirúrgica; 53% programaram a cesariana.

A Organização Mundial da Saúde preconiza 15% como total de partos cesáreos em um serviço.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por