Um policial militar que trocou tiros com um adolescente durante tentativa de roubo a um supermercado, no bairro Padre Eustáquio, Região Noroeste de BH, foi indiciado pelo Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa, por meio da Delegacia Especializada em Homicídios Noroeste. O militar é acusado de matar um jovem suspeito de envolvimento no roubo e de uma funcionária do estabelecimento no dia 23 de janeiro.
Investigações apontam que o tiro que atingiu e matou a caixa do supermercado, Grazziele Ferreira dos Santos, partiu da arma do policial militar. Uma terceira pessoa também foi atingida durante os disparos na altura do pescoço e teve lesões gravíssimas. A vítima, que é professora, teve a corda vocal direita irreversivelmente danificada e não poderá lecionar novamente. Toda a ação foi registrada por câmeras de circuito de segurança do supermercado.
Entenda o caso
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Rodrigo Bossi, três assaltantes chegaram ao local em um carro furtado e clonado na data anterior ao crime. O motorista do veículo, José Flávio Miranda, deixou os comparsas no local e estacionou em uma rua lateral ao supermercado, onde esperou o fim da ação criminosa.
O cabo da PM, que estava prestando serviço de segurança para o supermercado, ao perceber a situação, sacou um revólver calibre 38, e efetuou cinco disparos em direção ao adolescente, que foi atingido duas vezes: no peito e no abdômen.
O jovem, único dos coautores armado, ao receber o primeiro disparo, revidou com dois tiros na direção do militar. Após atingir o assaltante, o militar continuou a efetuar disparos enquanto caminhava para trás. O quinto e último tiro atingiu fatalmente uma funcionária do supermercado, Grazziele. O projétil entrou pela região escapular esquerda e transfixou seu corpo, saindo na região axilar direita. Ao revidar os disparos, o adolescente atingiu uma cliente que estava na fila.
Após a ação, o adolescente fugiu juntamente com José Flávio e o terceiro assaltante, ainda não identificado. O jovem foi deixado pelos comparsas na Unidade de Pronto Atendimento UPA/Oeste, onde morreu. Cerca de dois minutos após o tiroteio, o militar também deixou o local, sem prestar socorro às vítimas. Ele sofreu escoriações nos braços.
O delegado também reforça que o militar agiu sem se anunciar. Desta forma, o adolescente teria agido em legítima defesa. “Ele excedeu-se em sua reação, agindo desproporcionalmente na escolha e emprego dos meios, de forma precipitada, imprudente e arriscada, sem anúncio e meio a todos os presentes”, ressalta Bossi. O militar foi indiciado pelo crime de homicídio privilegiado-qualificado, tanto pela morte de Grazzielle quanto pela do adolescente, e José Flávio foi indiciado por tentativa de roubo duplamente majorado.