(Antonio Cruz)
Minas Gerais é o estado com o maior número de casos registrados de dengue até o momento, ao menos é o que afirma a Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais nesta terça-feira (2). De janeiro a julho foram 526.622 casos prováveis da doença com 195 óbitos. A comissão se reuniu para discutir as dificuldades encontradas no combate à enfermidade por municípios. Segundo dados do Ministério da Saúde, São Paulo ocupa a segunda colocação com cerca de 200 mil casos, enquanto Roraima é a "campeã" com apenas 145.
Segundo o presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG), José Maurício Lima Rezende, uma das maiores dificuldades estaria na morosidade da transferência de recursos. O montante acumulado, devido pelo Estado aos municípios para investimento em saúde, teria chegado a R$ 1,03 bilhão neste ano, dos quais R$ 360 milhões começaram a ser repassados somente em julho, de acordo com o conselheiro.
José Maurício disse que os atrasos na liberação dos recursos estão prejudicando a saúde como um todo, seja na atenção básica ou no atendimento hospitalar, e, consequentemente o planejamento de ações de combate à dengue. “Estamos num momento ímpar de escassez de chuvas, ideal para ações preventivas contra a dengue. Se nada for feito agora, poderemos ter casos mais severos da doença, diante da possibilidade de aumento das próximas chuvas”, frisou.
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Admitindo que “o cenário é preocupante”, o subsecretário de Estado de Vigilância e Proteção à Saúde, Rodrigo Fabiano do Carmo Said, disse, contudo, que as dificuldades financeiras não são exclusividade do Estado e que a Secretaria de Estado da Saúde vem atuando em parceria com os municípios. Segundo ele, foram repassados em 2015 um total de R$ 66 milhões exclusivamente para ações voltadas à dengue nos municípios.
“O risco de epidemia de dengue é permanente em Minas, onde há os quatro sorotipos do vírus em circulação, embora o número 1 ainda seja o predominante”, afirmou o subsecretário.
Rodrigo Fabiano discorreu sobre ações adotadas pela SES no ano passado junto aos municípios, inicialmente por meio de oficinas realizadas em julho, para as cidades com mais de 100 mil habitantes, para discutir estratégias de combate à dengue e riscos de epidemia. Em setembro, foi a vez de oficinas regionais voltadas para todos os 853 municípios mineiros e o lançamento da campanha de mobilização “10 minutos contra a dengue”, voltada para ações de prevenção por parte da população.
Conforme mencionou o subsecretário, Minas tem quatro casos de microcefalia associados à zika, nas cidades de Montes Claros, Uberaba, Sete Lagoas e Belo Horizonte. Além disso, o Estado monitora atualmente 460 gestantes por meio de uma rede de proteção e cuidado. Além disso, a febre chikungunya autóctone (adquirida no próprio território mineiro) já foi detectada na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).