Minas tem poucas mulheres nas polícias e na política, aponta estudo do IBGE

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
07/03/2018 às 16:42.
Atualizado em 03/11/2021 às 01:44

Embora a mulher tenha tido conquistas importantes no mercado de trabalho nas últimas décadas, o caminho até a plena igualdade de gênero em Minas Gerais ainda é longo. Dados do estudo “Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (7), mostram que a representatividade feminina nas universidades, nas forças de segurança pública e Poder Legislativo do Estado, está longe do ideal.

Segundo dados de 2014, Minas Gerais é a oitava unidade da Federação com menor número de mulheres entre as polícias Militar (elas representam 8,5% do efetivo) e Civil (22,6% de policiais mulheres). Na média, apenas 11,2% do efetivo das duas polícias é composto por mulheres. O Estado com a melhor proporção é o Amapá, com 23,4% de mulheres nas forças de segurança.

“Há uma importância de que as mulheres estejam mais presentes nas polícias, especialmente para tratar dos casos de violência doméstica. Existem recomendações internacionais de maior inserção das mulheres na vida pública, mas, ainda assim, o número de policiais mulheres é muito abaixo do necessário”, afirma Luciene Longo, analista do IBGE.

A publicação do instituto traz um conjunto de informações sobre as condições de vida das brasileiras com base em recomendações da ONU de harmonização e comparabilidade internacional. A partir de um Conjunto Mínimo de Indicadores de Gênero (CMIG), proposto pela Organização de Estatística das Nações Unidas, o IBGE compilou informações de diversas pesquisas como Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), Pnad-C (Contínua) e PNS (Pesquisa Nacional de Saúde), junto a dados de fontes externas como Ministério da Saúde, Congresso Nacional e Inep/MEC.

Docência

A pesquisa ressalta ainda que Minas Gerais é o quinto estado com a menor proporção de mulheres docentes no ensino superior em relação aos homens (44,1%). Essa proporção só é pior em São Paulo (41,6%), Distrito Federal (42,9%), Espírito Santo (43,1%) e Santa Catarina (43,6%).

Embora as mulheres sejam maioria entre os estudantes de curso superior, somente em três unidades da Federação elas são maioria: Mato Grosso do Sul, Bahia e Piauí. “As mulheres precisam de um maior espaço no mercado de trabalho em geral, inclusive na docência das universidades”, explica Luciene.

O IBGE ressalta ainda a importância de se aumentar a representatividade feminina na vida política. Minas é o oitavo Estado com a menor representatividade das mulheres nas cadeiras da Câmara do Deputados e Senado Federal (8,9%). Esse cenário é o mesmo quando se analisa as eleitas tanto em 2010 quanto em 2014. Vale lembrar que Minas nunca teve uma senadora mulher.

“Esse estudo mostra que temos uma situação de desigualdade entre homens e mulheres em que há melhoras, mas que também há muito a se fazer na caminhada pela igualdade de gênero. São indicadores importantes para fazermos políticas públicas que promovam a igualdade”.

Dado positivo

A pesquisa do IBGE também trouxe um dado positivo sobre Minas Gerais. O Estado é o quinto com a menor taxa de fecundidade adolescente do país. Em 2016, essa taxa era de 44,7 nascimentos a cada 1.000 mulheres de 15 a 19 anos de idade em 2016 e tem apresentado queda sistemática desde 2011, quando era 50,7. “Esse é um dado que merece ser comemorado, embora ainda não seja o ideal. Isso mostra como as adolescentes estão mais informadas sobre meios de se evitar não só a gravidez, como também as doenças sexualmente transmissíveis”, diz Luciene.

Outros dados

A Fundação João Pinheiro (FJP) também divulgou nesta quarta-feira (7/3) os resultados da participação das mulheres no mercado de trabalho de Minas Gerais nos anos de 2015 e 2016, com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnadc), do IBGE. Segundo a instituição, os dados mostram que as mulheres estão concentradas nos setores de serviços e comércio (29%), nas ocupações elementares - aquelas com baixa qualificação e baixa escolaridade (24%) – e entre os profissionais das ciências e intelectuais (13%). No caso dos homens há uma maior concentração entre os qualificados na mecânica e construção (22%) e nas ocupações elementares (19%).

No período analisado as mulheres ganharam, em média, 88% dos rendimentos dos homens por hora trabalhada. Surpreendentemente, elas têm um rendimento maior em áreas dominadas por homens, como agricultura, pecuária, construção civil e segurança pública.

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