Ministério da Saúde desconsidera vacinar todos os brasileiros contra febre amarela

Flávia Ivo
fivo@hojeemdia.com.br
23/03/2017 às 15:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:51

O surto de febre amarela vivido em alguns pontos do Brasil, a exemplo de Minas Gerais, tem provocado uma corrida constante aos postos de vacinação, mas, de acordo com o Ministério da Saúde, a vacinação contra a doença não irá ocorrer em todo o país.

“Não precisa dessa ‘histeria’ de toda a população brasileira querer se vacinar contra a febre amarela. A intensificação da vacinação tem que ser feita nos municípios com o maior risco, onde o vírus está circulando mais”, explica a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do ministério, Carla Magda Domingues.

Atualmente, a Área com Recomendação de Vacinação (ACRV) compreende 3.529 municípios (88,3 milhões de pessoas) brasileiros que apresentam epizootias em primatas não humanos, circulação viral e casos suspeitos da doença. Sob cautela, até o último dia 16, 113 municípios estavam em recomendação temporária, o que significa que têm a atenção necessária agora, no entanto, ainda não integram a cobertura vacinal de forma fixa.

“Nós temos vacinas suficientes para a população, o que acontece é a falta de capacidade operacional das cidades. Por isso as filas continuam e não devem cessar este ano e nem no ano que vem, acredito. Todas as vezes em que houver uma morte de macaco ou humano por febre amarela as pessoas irão novamente aos postos de vacinação”, destaca.

Imprecisão

Entre 2007 e 2016, o Ministério da Saúde aplicou 58,6 milhões de doses da vacina contra a febre amarela, porém, não significa que 58,6 milhões de brasileiros foram imunizados, observa Carla Domingues.

“Hoje, não conseguimos identificar exatamente quantas pessoas foram vacinadas, pois a mesma pessoa pode receber as doses mais de uma vez. Isso faz com que a cobertura vacinal seja superestimada ou subestimada”, pondera.

Fatores como este prejudicam o trabalho de análises feitas pela pasta. “Nós temos um dinamismo no processo de cobertura vacinal. Isso faz com que o dado não necessariamente reflita a realidade. Uma pessoa pode ser imunizada em um município que não é o seu de residência e altera a estatística”, conta.

Exemplo citado pela coordenadora do PNI são locais onde ônibus foram fretados em uma cidade em que não há indicativo de risco - por isso, a vacinação não acontece de forma mais insistente -, que se dirigiram a municípios com surto para tomar a vacina.
 

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