Mobília original: Bancos antigos voltam à igrejinha

Renato Fonseca - Hoje em Dia
20/12/2014 às 07:47.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:26
 (Editora Litoarte Ltda/ Acervo/ Museu Histórico Abílio Barreto)

(Editora Litoarte Ltda/ Acervo/ Museu Histórico Abílio Barreto)

Após acolher por mais de uma década fiéis da capela de Santana, no bairro Paquetá, na Pampulha, os bancos originais da igreja São Francisco de Assis voltarão a compor o interior do templo projetado por Oscar Niemeyer. Os 22 assentos datados do início da década de 1940 foram retirados e doados durante reforma ocorrida em 2003.   O retorno está previsto para o segundo semestre de 2015, após a restauração de forro, paredes e elementos artísticos da Igrejinha da Pampulha. Um convênio entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e a Prefeitura de BH já foi assinado. Será repassado R$ 1,4 milhão para as intervenções necessárias.   Juntos, os 22 bancos têm capacidade para receber até 110 pessoas. Os assentos foram feitos em jacarandá e têm almofadas forradas em couro. Apesar do bom estado de conservação, será necessária uma restauração. Os encostos originais eram verdes e agora estão em tons de cinza. Alguns estão rasgados e até manchados. Além disso, a armação de metal traseira foi pintada de branco.   Segundo a professora Mônica Eustáquio Fonseca, coordenadora do Inventário do Patrimônio Cultural da Arquidiocese de Belo Horizonte, um convênio por meio do programa municipal “Adote um Bem Cultural” prevê os reparos. Ela desenvolve vasta pesquisa sobre a Igrejinha da Pampulha nos últimos anos e revela que a instituição está em busca de outro mobiliário do templo: a mesa original do altar. Por enquanto, não há pistas, mas o trabalho não irá parar, garante a professora.    Conforme Mônica, um infeliz capricho teria motivado a saída dos bancos da igreja São Francisco. “Após a reforma, chegaram a afirmar que os assentos eram obstáculos físicos e visuais à percepção da beleza da igreja. Mas isso foi um erro, pois esse mobiliário faz parte da história dela”.    De plástico   Atualmente, cadeiras brancas de fibra são utilizadas durante as celebrações. Com a chegada dos antigos elementos, a Arquidiocese defende uma programação litúrgica frequente aliada às visitas turísticas. Por enquanto, ocorrem missas apenas às terças-feiras e aos domingos, além de bênção dos animais e dois batizados por mês.   Os detalhes ainda não foram definidos, mas a reportagem apurou que, além do restauro dos bancos, a empresa inserida no programa “Adote um Bem Cultural” terá que arcar com os custos de novos bancos para a capela de Santana. Uma fonte ligada à paróquia Nossa Senhora da Divina Providência, responsável pelo templo do Paquetá, disse que “os assentos só vão sair se outros vierem”. A Arquidiocese confirmou que a tendência deve ser essa.    SURPRESA   Próximo à igreja Santana, as opiniões se dividem sobre a origem dos bancos. A maioria dos fiéis já sabe que o novo destino dos assentos é, na verdade, a antiga casa. Mas não é difícil encontrar relatos de quem ainda fica surpreso com a revelação. “Venho muito à celebração semanal da capela, mas jamais imaginei que o local onde sentava pertencia à Igrejinha da Pampulha”, disse uma senhora que se identificou apenas como Maria.   Candidato ao título de Patrimônio Mundial da Humanidade, dado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o conjunto arquitetônico da Pampulha precisa da reforma da igrejinha para obter a chancela internacional, conforme lembra o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Leônidas Oliveira. Segundo ele, as obras devem ser iniciadas em fevereiro e podem levar até oito meses.    Considerada obra-prima de Niemeyer, a Igrejinha poderá ficar fechada nesse período. As juntas de dilatação da estrutura, em forma de abóbada, serão impermeabilizadas com um produto próprio, que evitará novas infiltrações. Em seguida, será feita a troca do forro de madeira e o imóvel receberá nova pintura, polimento do piso de mármore e limpeza das fachadas.

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