Moradores da capital buscam opções de cidades mais tranquilas para o carnaval

Raquel Ramos - Hoje em Dia
02/02/2015 às 07:39.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:52
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Em vez de tranquilidade, festa. No lugar do habitual sossego, o som das marchinhas ecoando pela janela. A época em que Belo Horizonte ficava às moscas no Carnaval ficou para trás. Para quem não gosta da folia, restam poucas opções: ou colocar o pé nas estradas rumo a destinos mais tranquilos ou conviver com a eventual agitação que chegará na capital junto com a festa.   A analista de redes sociais Maria Luiza Gondim não teve dúvidas de qual escolha fazer. Em 2014, ela até tentou acompanhar o ritmo das amigas capixabas, que se deslumbraram com o Carnaval de Belo Horizonte. “Eu me esforcei, mas não faz meu estilo”. Para este ano, os planos são bem diferentes. Em Maravilhas, região metropolitana de BH, pretende descansar em um lugar com bastante verde e, de preferência, à beira da piscina com um livro nas mãos.   Uma temporada em hotéis ou spas também é alternativa para muita gente. E é justamente nessa época do ano em que a procura pelos pacotes fica maior, afirma Simone Gomes, diretora do Espaço Águas Claras, em Macacos. “A ocupação chega a 90%”.   No SPA Edy Mafra, em Lagoa Santa, a clientela belo-horizontina é maioria, segundo o proprietário Túlio Flávio Mafra. E, quem diria, estão mais preocupados em descansar do que emagrecer. “Aproveitam o feriado para recarregar as energias. De brinde, ganham saúde”, destaca.   Sem saída   Os que ficarem na capital dificilmente conseguirão fugir do clima de folia. Afinal, se antes de 2009 nem ouvia-se falar em bloquinhos de rua, o número de grupos desfilando pela cidade deve chegar à 200 neste ano, pelas estimativas da Belotur.   Embora a festa seja bem aceita, o presidente da Associação dos Amigos do Bairro Santa Tereza, Luiz Goes, reclama do rastro de destruição que fica. “Sujeira e som alto durante todo o dia são transtornos que ninguém quer ter na porta de casa. Mas quem mora aqui não consegue escapar”. Vazia em dias comuns, a Praça Duque de Caxias comporta até 20 mil pessoas nos dias de Carnaval.   Tanto movimento incentiva muitos moradores a fazer as malas no feriado, conta Luiz. Ele, porém, prefere recorrer às autoridades para tentar conciliar a folia com momentos de paz. “Em 2014, o Ministério Público Estadual determinou que, às 19h, o som fosse desligado. Funcionou muito bem e tudo indica que a medida também valerá para este ano”.   Aborrecimentos assim são enfrentados pelos que moram ou trabalham na Savassi, diz Alessandro Runcini, diretor do CDL Savassi. “Sabemos da vocação cultural da região, mas para evitar que a baderna prejudique os que ali vivem, pedimos mais rigor dos órgãos públicos”. A Festa da Itália e o Festival de Jazz, exemplifica, são programações que não levaram transtorno ao bairro.   Movimento nas agências de viagem rumo à folia em BH   De um lado, belo-horizontinos que querem sossego preparam-se para deixar a cidade no Carnaval. Do outro, turistas de toda parte do Brasil fazem as malas para conhecer a folia da capital mineira. O sucesso se deve, sobretudo, aos bloquinhos que, neste ano, devem arrastar 1,5 milhão de pessoas pelas ruas, segundo a Belotur.   Um terço dos foliões serão visitantes, afirma a Associação Brasileira de Agências de Viagens de Minas Gerais (Abav-MG). “A nossa expectativa é a de que haja aumento de 20% a 30% nas vendas desse período”, diz Ricardo Campos, coordenador do núcleo de receptivos da Abav Minas. Número para lá de expressivo para uma cidade que, até então, só se destacava no turismo de negócios e eventos.   De olho nesse público – que deve vir, principalmente, do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, interior de Minas e Brasília – as agências de viagem até criaram pacotes turísticos para o Carnaval de Belo Horizonte. “Foi uma iniciativa inédita. Antes, as agências sequer tinham produtos estruturados para o Carnaval de BH. Como o evento cresceu muito nos últimos anos, vimos a possibilidade de lucrar nessa brincadeira”, destaca.   Os preços variam de R$ 490 a R$ 1.340 por pessoa, para viagens que podem durar de três a cinco dias.   Mais opções   Mas quem escolheu BH como destino não precisa de ficar 100% do tempo envolvido na festa. Segundo a CVC Viagens, muitos clientes da agência querem conhecer não apenas a capital, como os atrativos que ficam próximos a ela.   Nesses casos, basta dar uma fugidinha para as grutas ou cachoeiras dos municípios vizinhos a BH, ou fazer uma visita a Inhotim. Aliás, os passeios que já estão inclusos nos pacotes de viagem, também servem para moradores de BH que quiserem dar um tempo na folia.

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