Moradores pedem fechamento de ruas próximas ao Mineirão

Hoje em Dia*
29/04/2015 às 17:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:50
 (André Brant/HojeemDia)

(André Brant/HojeemDia)

O fechamento das principais ruas dos bairros São José e São Luiz, no entorno do Estádio Mineirão, em Belo Horizonte, foi reivindicado por moradores da região como a forma mais imediata de solucionar os problemas enfrentados no local, em dias de jogos ou grandes eventos. Os transtornos foram debatidos nesta quarta-feira (29), em uma audiência na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).   O estacionamento irregular de veículos nas vias, problemas no trânsito local, além do comércio irregular de alimentos e bebidas e ações de cidadãos foram algumas das queixas apontadas.   De acordo com o diretor de Meio Ambiente da Associação Pró-Civitas dos bairros São Luís e São José, Fábio Souza Melo, a indefinição quanto às medidas concretas a serem adotadas para solucionar os problemas já se arrasta há quase dois anos.    Segundo ele, vários encontros já foram promovidos por autoridades e moradores do local para tratar da situação. “Estamos repetindo as mesmas coisas e não temos uma solução. Temos condições de sair daqui hoje com uma decisão?”, cobrou o morador. Melo considera a definição de um perímetro que impeça o estacionamento nas ruas de bairros próximos ao Mineirão como a solução mais viável para o momento, ainda que essa seja uma medida temporária.   O vice-presidente da Pró-Civitas, Claude René Camille, classificou como caótica a situação observada nos bairros nos dias de evento no Mineirão, o que, segundo ele, prejudica o objetivo da região de ser reconhecida como um patrimônio mundial. “Não podemos trazer turistas estrangeiros para ver esse vexame”, disse. Ele também criticou a falta de proatividade dos policiais para controlar os problemas relatados e cobrou um melhor treinamento de profissionais de outras regiões que atuam no local nos dias de evento.   Outro ponto criticado por Camille foi com relação ao fato de os policiais se ausentarem por longos períodos da região quando é feita alguma prisão em flagrante e os envolvidos têm que ser encaminhados para outra unidade. Para ele, se há uma delegacia de eventos no Mineirão, o policiamento existente no entorno, que segundo ele já é pouco, deve ser mantido. O morador ainda defendeu um maior envolvimento da mídia, no sentido de se propagarem ações educativas sobre o que é ou não é permitido fazer nas proximidades do estádio.   Perímetro   O deputado Sargento Rodrigues (PDT) ratificou as críticas apresentadas pelos moradores e também defendeu que a Prefeitura de Belo Horizonte defina um perímetro no entorno do Mineirão que impeça o estacionamento de veículos.    “Ao adotar o perímetro, a prefeitura vai ter tempo para articular e regulamentar as ações”, defendeu Rodrigues, que considerou a medida uma forma de garantir que a população não fique prejudicada até a solução definitiva. Ainda de acordo com o parlamentar, depois de resolvida a parte burocrática, a prefeitura poderia retirar o perímetro e adotar as medidas definitivas que forem necessárias. “As ações estão muito lentas. Todas as medidas anunciadas têm sido paliativas”, criticou.   Ele lembrou que o assunto já foi discutido em 3 de dezembro de 2014 pela comissão, ocasião em que as autoridades presentes se comprometeram a tomar medidas para minorar o problema. Entre essas medidas, ele apontou a realização de licitação para que fossem instaladas feiras de alimentos e bebidas em dias de jogos, utilizando o espaço da esplanada; a realização de um estudo sobre a possibilidade de convênio com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para utilização de espaços da instituição para o estacionamento de veículos em dias de eventos; a formalização de uma comissão para a busca de soluções para os problemas; e a sinalização permanente das vias de trânsito.   Rodrigues afirmou que a definição de um “Padrão Fifa” seria uma alternativa, também defendida na época da primeira audiência. O deputado ainda criticou o fato de a BHTrans não permitir o estacionamento de veículos em vias largas do entorno do estádio, o que leva ao estacionamento de veículos nos bairros próximos. Para ele, a liberação de estacionamento nessas vias não traria problemas ao trânsito. Por fim, o deputado ainda criticou a pouca fiscalização do comércio irregular praticado nas vias, bem como a falta de banheiros químicos e de limpeza das vias após os eventos.   Venda de bebidas   O deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) defendeu que a venda de bebidas alcoólicas nos estádios seja novamente permitida, desde que obedecidos alguns critérios específicos. Outra alternativa mencionada pelo deputado foi a instalação de feiras para os barraqueiros, o que minimizaria a atuação dessas pessoas nas áreas residenciais. Por fim, o parlamentar disse que a venda antecipada de vagas de estacionamento pelos clubes e a maior utilização do transporte público nos dias de jogos e eventos também seriam alternativas importantes a serem adotadas.   Secretário diz que possíveis soluções já estão em análise   O secretário municipal de Administração Regional da Pampulha, José Geraldo de Oliveira Prado, reafirmou o compromisso da prefeitura em solucionar a questão, por ser a principal articuladora para que os problemas sejam resolvidos. Nesse sentido, ele disse que durante uma audiência realizada no dia 31 de março, no Ministério Público, três propostas foram apresentadas para solucionar o caso.   A primeira, segundo ele, seria para que a Minas Arena, responsável pela concessão do Mineirão, criasse uma feira de convivência na esplanada do estádio, com o retorno dos vendedores de comidas e bebidas para esse espaço, o que atrairia o torcedor para dentro do estádio mais cedo. Na sua avaliação, o público hoje posterga ao máximo a entrada no Mineirão, alegando que a oferta de serviços no estádio não é atrativa. De acordo com o secretário, um anteprojeto nesse sentido já foi encaminhado aos órgãos competentes e está em processo de avaliação.   A segunda medida seria a venda antecipada – pelos clubes de futebol ou pela Minas Arena – de vagas de estacionamento, uma vez que, segundo Prado, sobram vagas dentro do Mineirão. Por fim, o secretário disse que a terceira sugestão seria que a Minas Arena sinalizasse nas avenidas que dão acesso ao estádio (como a Avenida Presidente Carlos Luz e Abrahão Caram) sobre a existência de vagas dentro do Mineirão. Segundo Prado, uma eventual venda antecipada para o estacionamento eliminaria a necessidade dessa terceira medida.   O secretário ainda enfatizou a necessidade de se incentivar o transporte público nos dias de evento, e sinalizou que já está em andamento um possível acordo com a Associação de Restaurantes para que não sejam vendidas bebidas em garrafas, no entorno do estádio. O secretário ainda apontou que a venda de bebidas dentro do Mineirão é fundamental para que o torcedor não fique na área externa do estádio.   Prado ainda anunciou a preparação de um decreto que coibiria a venda ilegal de churrascos em áreas públicas. Por fim, quanto à sugestão de definição de um perímetro do entorno do estádio, o secretário disse que a proposta tem que ser conversada com os atores envolvidos.   Sinalização definitiva   A gerente de ação regional Noroeste Pampulha da BHTrans, Maria Inês Franco, afirmou que a sinalização definitiva no entorno do Mineirão – um dos compromissos firmados pelo órgão na reunião realizada em dezembro – já começou a ser implantada no bairro São José. Segundo ela, o estacionamento de veículos maiores como vans, micro-ônibus e caminhões foi proibido, sendo liberado o estacionamento em apenas um dos lados das vias para veículos leves. Ela considerou a medida um avanço, uma vez que, de fevereiro a abril, período em que foram realizados seis jogos no estádio, foram registradas 29 autuações com remoção de veículos, de um total de 180 autuações feitas pela Polícia Militar.   Policiamento   O major PM Fábio Oliveira Almeida disse que a corporação tem desenvolvido ações de fiscalização de trânsito, que, segundo ele, tem conseguido coibir parte dos estacionamentos irregulares no entorno do Mineirão. Ele também apontou que a entidade tem recebido, por meio de um número de whatsapp, as demandas e reclamações de moradores.   Almeida também disse que a PM tem um policiamento específico para o Mineirão, através da divisão do perímetro em setores, e que a corporação tem feito o possível para combater a ação de cambistas, flanelinhas, ou de pessoas que urinam nas vias públicas. “Mas muitas das ações não dependem só da PM”, considerou.   Ele reconheceu ainda que é necessário realizar um melhor treinamento com os militares em formação e que atuam no policiamento do estádio em dias de evento. No que se refere à ausência de policiais, que se deslocam para outro bairro da cidade no encaminhamento de detidos, como denunciado pelo morador Claude Camille, o major confirmou que o procedimento tem sido adotado nas ocorrências verificadas no perímetro externo do estádio.   Sobre o assunto, o delegado de eventos da Polícia Civil, Felipe Falles, disse que a delegacia de polícia dentro do Mineirão está apta e aberta ao recebimento de flagrantes, seja de ocorrências internas como também no entorno do estádio. Segundo ele, o encaminhamento para fora da delegacia só acontece em casos específicos.   (* Com ALMG)

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por