Move completa um ano de funcionamento em BH com batalhas a travar

Raquel Ramos - Hoje em Dia
01/03/2015 às 08:09.
Atualizado em 18/11/2021 às 06:11

Prestes a completar um ano da implementação do Move na capital mineira, no dia 8 de março, especialistas avaliam que, pela primeira vez, Belo Horizonte deu um passo em direção ao padrão de transporte público adotado em todo mundo: um sistema diversificado e integrado.
No entanto, o novo modelo ainda está distante de pôr fim aos problemas de trânsito da cidade e até mesmo de convencer as pessoas a deixar o carro em casa. Ao comparar os modelos antigo e atual, o professor do curso de engenharia de transporte da Fumec, Márcio Aguiar não tem dúvidas de que houve melhorias para o usuário. Mesmo assim, faz ressalvas. “Os benefícios ainda não foram substanciais diante da necessidade que temos”, assinala.
Embora nos primeiros 12 meses o modal tenha conseguido atender a algumas das principais propostas do sistema, como agilidade nas viagens e mais conforto aos passageiros, Silvestre Andrade Filho, consultor em trânsito e transporte, acredita que, agora, é importante pensar em novas estratégias para torná-lo mais atrativo.
“Hoje, é inviável subir em um ônibus na porta de casa esperando chegar a qualquer ponto, sem fazer a baldeação no meio do caminho. Os ônibus articulados perdem eficiência quando chegam ao Centro. Mesmo que existam as faixas exclusivas, falta fiscalização”, exemplifica.
Expansão
o ano de estreia do Move, os investimentos ficaram concentrados nas regiões Norte, Venda Nova e Pampulha. Porém, a eficiência e o aprimoramento do modal dependem da expansão do sistema para outros corredores, acredita o coordenador do curso de engenharia de transporte do Cefet, Guilherme de Castro Leiva.
“Quando o atendimento a outras áreas não estiver deficitário, as pessoas vão começar a ter mais certeza que, agora, compensa deixar o carro na garagem para apostar no transporte público. É uma mudança cultural, mas que também depende da atuação do poder público”, destaca.
Entretanto, as próximas rotas do Move, que irão alcançar moradores das regiões Oeste, Noroeste e Barreiro, estão previstas para 2016, ano em que a prefeitura pretende expandir a rede do modal, conectando mais linhas alimentadoras, troncais e diametrais.
Para não precisar de fazer desapropriações, o plano do Executivo é implantar nas avenidas Amazonas e Tereza Cristina e na Via do Minério uma “versão light” do Move. Ou seja, sem divisão física entre as faixas destinadas aos ônibus e carros.
Diversidade
De acordo com o especialista Márcio Aguiar, o primeiro ano de funcionamento do Move provou que o sistema, por si só, jamais conseguirá atender à demanda de uma cidade do porte de Belo Horizonte, o que reforça a necessidade de não abandonar outros projetos que existem, como a ampliação do metrô.
“Quanto mais diversificado é o meio de transporte de massa, mais gente se dispõe a testá-lo. E são muitas as vantagens do transporte sobre os trilhos. Além de não trafegar no mesmo nível dos carros, têm capacidade de atender a mais pessoas em uma mesma viagem”, comenta.
Pendências devem ser resolvidas ainda neste semestre
Mesmo depois de ter a inauguração adiada por duas vezes, o sistema Move foi entregue à população inacabado. Ainda hoje, há serviços pendentes, como na Estação Pampulha, onde passageiros, frequentemente, dividem espaço com operários em atividade.  
Responsável pelas intervenções, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura informou que o terminal está em fase de conclusão de acabamentos. A expectativa é a de que os trabalhos sejam finalizados no próximo mês. Também para o primeiro semestre de 2015, está previsto o fim das obras complementares na avenida Vilarinho, região de Venda Nova.
Sem previsão
Já os atrasos do Move na avenida Pedro I são atribuídos à queda do viaduto Batalha dos Guararapes, em julho do ano passado. No local, será construída uma trincheira, cujo projeto já foi apresentado pela Consol Engenharia e aprovado por BHTrans e prefeitura.
Assim que os últimos detalhes da nova construção forem finalizados, o Ministério Público discutirá com a comunidade a viabilidade da obra.
Usuários enxergam melhorias, mas cobram mais segurança
Após uma estreia conturbada e em meio à obras incompletas, usuários do Move chegaram a ficar desacreditados da eficiência do sistema. Passado o período de adaptação, porém, mostram-se surpresos com os resultados.
“Posso sair de casa cerca de 40 minutos mais tarde porque o ônibus articulado não fica preso no trânsito. A viagem é muito rápida”, elogia a vendedora Renata Alves. Embora reconheça muitas melhorias, cita ajustes que, na opinião dela, ainda precisam de ser feitos. A oferta de veículos, por exemplo, é insuficiente nos horários de pico. Tanto que, algumas vezes, precisa de esperar dois ou três ônibus passarem, até que consiga entrar em um.
Para o personal coach Pedro Mateus Souza Alves, a falta de segurança, tanto nas cabines das avenidas quanto no entorno das estações, é o principal problema a ser corrigido. “Já fui assaltado quatro vezes depois de descer do Move. Como as portas das plataformas não funcionam, qualquer pessoa pode entrar e fazer o que quiser”.  
Controle
Em nota, a BHTrans informou que monitora todo o sistema, tomando as medidas necessárias para garantir mais conforto e segurança aos passageiros.
Segundo a autarquia, a responsabilidade pela manutenção das portas automáticas é das concessionárias, que também arcam com os custos operacionais relacionados a bilheteria e catracas das estações de transferência e integração.
Sobre as críticas em relação à segurança, a BHTrans informou que já está em andamento uma licitação que visa contratar profissionais de vigilância para as plataformas.

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