Movimento social e Estado se unem para abrigar vítima de violência doméstica

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
08/03/2017 às 06:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:39

Todos os dias, cerca de 360 mulheres são vítimas de violência doméstica em Minas e, muitas vezes, não têm para onde ir e nem sabem a quem pedir ajuda. Os Centros de Referência à Mulher oferecem teto e acompanhamento psicossocial a esse público, dentre outros serviços.

Em Belo Horizonte, há mais um local de acolhimento. É o Centro de Referência da Mulher Tina Martins, um espaço desenvolvido pelo Movimento Olga Benário para prestar atendimento psicológico e jurídico a moradoras da capital, além de servir de abrigo a quem está em situação vulnerável. 

O espaço está localizado no número 641 da rua Paraíba, no Funcionários, região Centro-Sul, em uma casa cedida pelo Governo de Minas. Desde o início do funcionamento, há seis meses, mais de 30 mulheres foram recebidas. 

Todo o trabalho é dividido entre voluntários. Doze integrantes do movimento se revezam na administração, enquanto psicólogos, advogados, arquitetos e professores de línguas, por exemplo, atendem as mulheres ou se incumbem de intervenções no imóvel, tombado pelo Estado. Já os custos com água e energia elétrica são bancados pelo Centro Risoleta Neves de Atendimento (Cerna), vinculado à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). Flávio Tavares / N/A

Sem excessos

O diferencial entre a Tina Martins e as instituições municipais e estaduais que acolhem mulheres vítimas de violência é a redução da burocracia.

“Nas outras instituições, existe insuficiência de oferta ou excesso de burocracia. Não queremos que as mulheres sejam revitimizadas ao procurar ajuda. Perguntamos o que elas esperam de nós”, afirma Indira Xavier, coordenadora nacional do Movimento Olga Benário e voluntária da casa. 

“Vamos fazer uma análise do período em que o trabalho foi feito; é tudo muito recente. Estando tudo bem, vamos querer que continue”Lígia Alves PereiraCoordenadora da Mesa de Diálogo com Ocupações Urbanas e Rurais do governo de Minas

  

  

  

 Um exemplo de como a Tina Martins tem um acolhimento diferenciado foi o abrigo oferecido a duas transexuais, que não podiam ficar em abrigos femininos da prefeitura por terem nomes masculinos nos documentos. 

“Logo depois que vieram para cá, uma delas conseguiu um emprego em um restaurante e levou a amiga para trabalhar no mesmo local. Com isso, conseguiram alugar um apartamento juntas e nos convidaram para uma roda de conversa com os novos vizinhos delas, para falarmos sobre cidadania e gênero”, conta a voluntária Thatiane Matia, acrescentando que o acolhimento a estrangeiras também é um diferencial.

Ocupação

O projeto nasceu como uma ocupação. Em 8 de março de 2016, as integrantes do movimento ocuparam uma parte do antigo prédio da Escola de Engenharia da UFMG, na rua Guaicurus, e ali começaram o trabalho de acolhimento.

Na pauta de reivindicações, a atenção para políticas públicas para mulheres. Cerca de cem pessoas foram atendidas, de alguma forma, nos três meses de ocupação. 

Quando o movimento recebeu a ordem de despejo, o Governo de Minas cedeu o imóvel da rua Paraíba de forma provisória. A cessão definitiva virá após negociações e avaliações do trabalho que vem sendo desenvolvido. 

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