MP exige que Samarco repasse R$ 1,3 milhão por mês para saúde e educação de Mariana

Estadão Conteúdo
Hoje em Dia - Belo Horizonte
31/08/2016 às 08:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:37
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

O Ministério Público Estadual de Minas acionou a Justiça para obrigar a Samarco e suas controladoras, Vale e BHP Billiton, a repassarem à prefeitura de Mariana mensalmente R$ 1,3 milhão para gastos do município com Saúde e Educação. O valor, segundo a promotoria, corresponde à média mensal da arrecadação da cidade, no ano passado, com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), tributo federal que deixou de ser pago pela Samarco com o embargo das atividades no município depois do rompimento da Barragem de Fundão, em 5 de novembro do ano passado.

Do total arrecadado pela CFEM, 65% ficam com o município onde há a exploração mineral. O restante fica com a União (12%) e Estado (23%). O último recolhimento do imposto foi feito em janeiro, segundo informações fornecidas pela prefeitura.

Leia mais:
Samarco entrega plano de recuperação ambiental nove meses após desastre
Obras, tremores e problemas de drenagem derrubaram barragem em Mariana
Atingidos por tragédia em Mariana terão assistência técnica para calcular indenizações
Ibama nega pedido da Samarco para adiar retirada de lama em hidrelétrica
Vale espera que Samarco volte a operar em junho de 2017

Na ação, a promotoria argumentou que a paralisação das atividades da Samarco no município acarretou "prejuízos expressivos aos direitos fundamentais da população de Mariana, mormente nas áreas de Saúde e Educação aos quais são indisponíveis e basilares para qualquer concepção de dignidade da pessoa humana". "Há o risco de interrupção no funcionamento do hospital e fechamento de creches", afirmou o promotor Carlos Eduardo Ferreira Pinto, responsável pelas investigações sobre as causas da tragédia em Mariana.

Verbas. Segundo dados da prefeitura anexados à ação, somente o gasto mensal com a folha de pagamento da Saúde é de R$ 3,5 milhões por mês. Já o repasse de recursos municipais ao Hospital Monsenhor Horta, o principal da cidade, é de R$ 450 mil por mês. Na Educação, a folha dos servidores tem o mesmo valor do pessoal da Saúde, R$ 3,5 milhões. As creches, que atendem cerca de 600 crianças, precisam de R$ 2 milhões por mês.

A ação, que está a cargo da Justiça em Mariana, solicitou que o pagamento do valor seja feito "até a retomada integral das atividades minerárias pela Samarco ou até a renúncia ao direito minerário e assunção do mesmo por outra empresa". Conforme o promotor Felipe Faria, que também participa das investigações, a ação foi embasada no fato de que, segundo a legislação ambiental, danos decorrentes de acidentes ambientais têm de ser cobertos por quem os provocou.

O Ministério Público tem cerca de 15 ações em andamento pedindo providências pelo rompimento de Fundão e acredita existir centenas conduzidas por outros entes em Minas e no Espírito Santo. Em nota, a Samarco afirmou não possuir débito sobre a arrecadação da CFEM. A empresa e suas controladoras afirmaram não ter conhecimento da ação.  

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por