Mulher tem o turbante arrancado da cabeça em festa de formatura e diz que sofreu racismo

Da Redação
portal@hojeemdia.com.br
24/04/2017 às 21:00.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:16

O caso da mulher que teve o turbante arrancado da cabeça e jogado no chão durante uma festa de formatura em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, ganhou repercussão nas redes sociais neste início de semana. Até às 21h15 da noite desta segunda-feira (24), a publicação de Dandara Tonantzin Castro, de 23 anos, no Facebook tinha 49 mil curtidas e quase 12 mil compartilhamentos, além de milhares de mensagens de apoio à jovem.

Dandara, que faz parte do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), denunciou na rede social as agressões sofridas por ela durante a festa da turma de engenharia civil da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no último sábado (22). "No início muitos olhares incomodados, mas os vários elogios me acalmavam. Quase no fim da festa, já do lado de fora um cara branco, puxou meu turbante forte. Disse para ele soltar e saí. Quando passei por ele novamente, sozinha, ele puxou pela segunda vez, fiquei tão brava que gritei para ele não tocar no meu turbante. Ele acenou para os amigos virem, quando juntaram em uma rodinha um deles puxou o turbante da minha cabeça e jogou no chão. Quando fui catar, incrédula do que estava acontecendo, jogaram cerveja em mim. Muita cerveja. Fiquei cega, sai desesperada para achar meus amigos. Sabia que se ficasse ali poderia até ter mais agressões físicas", postou.

Em seguida, Dandara conta que os amigos chamaram os seguranças, "que logo entenderam que se tratava de racismo e logo foram tira-los da festa. Um deles teve a cara de pau de falar ao segurança que não meu agrediu só tirei aquele turbante da cabeça dela", argumentou na rede social. 

Ainda segundo a jovem, as namoradas dos agressores pediram para os seguranças tirar Dandara da festa também. "Quando fui no banheiro ainda tive que ouvir ameaças indiretas, sobre me bater e outras coisas terríveis que não consigo nem dizer aqui. Fomos os últimos a sair por medo de fazerem alguma coisa conosco do lado de fora", publicou.

Ela termina o relato falando da desigualdade racial. "Negros na formatura? Na limpeza, segurança ou servindo. Me mantive forte muito tempo. Mas o racismo é cruel. Minha lágrimas estão molhando muito a tela do celular, só de pensar que estes e tantos outros passaram impunes". 

A reportagem do Hoje em Dia tentou falar com a Polícia Civil na noite desta segunda-feira para saber se vai ser aberto inquérito para investigar o caso, mas ninguém foi encontrado.

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