Multas por avanço de sinal vermelho triplicam após implantação de novos radares em BH

Igor Patrick
ipsilva@hojeemdia.com.br
05/08/2016 às 23:15.
Atualizado em 15/11/2021 às 20:11
 (VALERIA MARQUES)

(VALERIA MARQUES)

Infração gravíssima, capaz de provocar acidentes e colocar em risco a vida dos pedestres, as multas por avanço de sinal vermelho triplicaram em Belo Horizonte. No primeiro semestre deste ano, mais de 65 mil motoristas foram flagrados após cometer a irregularidade, contra cerca de 22 mil no mesmo período de 2015.

Em números absolutos, o desrespeito ao semáforo está na segunda posição do ranking das principais autuações registradas de janeiro a junho, atrás apenas dos motoristas que insistem em pisar fundo no acelerador. Conforme os dados fornecidos pelo Departamento de Trânsito de Minas Gerais (Detran-MG), o topo da lista é ocupado por excesso de velocidade máxima permitida em até 20%, com mais de 211 mil multas lavradas.

DEDO DURO ELETRÔNICO

A implantação de novos radares ajuda a explicar o salto nas ocorrências dos motoristas que furam o sinal. Nos primeiros seis meses do ano passado, BH contava com 75 aparelhos eletrônicos. Desde julho de 2015, outros 35 foram instalados, totalizando 110 equipamentos atualmente. 

Engenheiro civil e mestre na área de transportes, Silvestre de Andrade é a favor da instalação de mais equipamentos na capital. “O radar não fica doente, não tem como dar um jeitinho e tentar explicar para ele a infração. É uma forma mais segura de conter os problemas do trânsito. A polícia não dá conta de fiscalizar uma cidade do tamanho de Belo Horizonte, 24 horas por dia”, avalia Silvestre.

De acordo com o especialista, o crescimento de multas é normal nesse momento, enquanto a população se acostuma e se adequa aos limites, mas tende a diminuir a longo prazo.

Aparelhos eletrônicos são responsáveis por flagrar metade das irregularidades na capital

A cada dia, mais de 3 mil motoristas de Belo Horizonte são multados, em média, após cometer uma infração prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O balanço do Detran-MG mostra que 565.186 autuações foram registradas na metrópole no primeiro semestre deste ano.

Só as multas de avanço de sinal vermelho e excesso de velocidade – em até 20% e entre 20% e 50% – correspondem a aproximadamente metade do total de infrações. 

Com a tendência cada vez mais forte de investimentos na fiscalização eletrônica, o agente do Batalhão de Trânsito da PM, sargento Márcio Roberto diz que a corporação tem direcionado homens para complementar o trabalho com autuações que não são identificadas remotamente. As atenções estão mais voltadas para o estacionamento proibido, por exemplo. Porém, o militar garante que o patrulhamento estará sempre atento a todas as infrações de trânsito. Para ele, os novos radares em operação vão coibir o infrator, mas o investimento maior precisa ser no tratamento do problema. 

“É claro que a multa pesa no bolso e pune quem desrespeita, mas nosso trabalho também tem conjugado as ações repreensivas com atividades de educação no trânsito”, afirma.

Programa que educa crianças completa 32 anos na cidade

Um dos mais tradicionais projetos de educação no trânsito desenvolvidos em Belo Horizonte é o “Transitolândia”, do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar de Belo Horizonte. O projeto já dura 32 anos e atua principalmente com crianças de 4 a 12 anos. 

Meninos e meninas desta faixa etária recebem aulas com relação à sinalização de tráfego nas vias urbanas, comportamento dos pedestres e até informações sobre os ciclistas.

O programa também leva militares do Batalhão de Trânsito para empresas de transporte de pessoas e de carga, além de conscientizar idosos e pessoas com deficiência por meio de palestras pontuais em associações. 

“Como é um projeto muito antigo, de vez em quando recebemos o retorno de adultos que hoje são motoristas e foram nossos alunos no passado. O resultado é muito positivo, cria uma consciência cívica”, acrescenta o sargento Márcio Roberto.

Redução de velocidade é benéfica
Estudo feito pela consultoria de mobilidade urbana britânica AHEAD Innovation Strategies mostra que, quando a velocidade nas vias é reduzida, o trânsito tende a fluir melhor e reduzir as chances de acidente.

Números comprovam
Isso porque quanto mais elevada a velocidade, maior a distância necessária para se frear o carro. Se os veículos precisam manter uma distância possível de frenagem, então um a automóvel a 90 km/h necessita de quase 50% mais espaço de pista do que um a 70 km/h para que se mantenha a segurança, complicando ainda mais a fluidez necessária em áreas com grande densidade de trânsito. 

Exemplo paulista
“Em São Paulo, essa medida gerou muita polêmica no ano passado, mas já estamos vendo os resultados positivos. É bom que a população entenda esses aspectos para acabar um pouco com essa ideia de cultura da multa que ainda existe”, avalia o especialista em trânsito e engenheiro civil Silvestre de Andrade Puty Filho.

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