Na passarela, o polêmico sonho de virar miss logo cedo

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
06/10/2013 às 10:13.
Atualizado em 20/11/2021 às 13:06

Ana Clara, Ludmila e Rafaelly Vitória nem se conhecem, mas têm algo em comum: as três se preparam para travar verdadeira batalha por um título de princesa da beleza. Apesar da pouca idade (as duas primeiras têm 8 anos e Rafaelly, 5), as mineirinhas são candidatas ao Miss Brasil Infantil 2013.

Mesmo com a garantia das mães de que a participação no concurso – e a escolha da “carreira” – não teve influência da família, psicólogos alertam: é preciso definir até que ponto o desejo é da criança e não a realização da vontade dos pais.

Polêmica, a participação nesse tipo de disputa, que envolve a avaliação e a exigência de critérios muitas vezes penosos para o público infantil (como o uso de maquiagem, de roupas longas e até salto alto), na opinião da psicanalista Heloísa Lasmar, nada mais é do que o sonho da mãe projetado na filha. “O filho representa para o adulto uma esperança, sua completude. Ou seja, é nele que a mãe vai conseguir realizar o que não pode na própria vida”, explica.

A avó de Rafaelly é uma espécie de empresária da menina loura de belos olhos verdes e muita energia. Maria Celeste Amaral, de 50 anos, garante que o sonho partiu da própria neta, mas admite que a incentiva a seguir este caminho.

“Ela é linda e sempre gostou de dançar, de cantar. Agora, tudo o que aparece eu corro atrás e faço questão de que ela participe”, conta. Celeste fez até um perfil para a neta no Facebook, onde são exibidas dezenas de fotos da pequena.

Prestes a completar 6 anos, Rafaelly já ostenta um título importante, sobre o qual a avó faz questão de falar: o de Miss Belíssima, conquistado na Colômbia. Tímida e, às vezes, demonstrando chateação por posar para as fotos da reportagem enquanto as amigas se divertiam na pracinha perto de onde mora, em Igarapé (Grande BH), a garotinha já sabe qual será a recompensa, caso vença o próximo concurso: uma cozinha de brinquedo, prometida pela avó.

Especialista em psicologia infantil, Verônica Barbosa reforça que comportamentos ditados ou sugeridos pelos pais, na maioria das vezes por uma figura feminina da família, podem ser psicologicamente prejudiciais.

“Crianças extremamente vaidosas tendem a ser inseguras e ter baixa autoestima, além de estarem mais propensas a crises de ansiedade e a desenvolverem transtornos alimentares, como a bulimia e a anorexia”, ressalta.

Leia mais na Edição Digital

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por