Nada de sexo frágil! Mulheres buscam aprender a se defender da violência

Renata Evangelista - Hoje em Dia
04/09/2015 às 16:48.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:38
 (Carlos Henrique/Hoje em Dia)

(Carlos Henrique/Hoje em Dia)

A falta de segurança, aliada a sensação de impunidade e a ascensão do MMA têm provocado um fenômeno nas academias brasileiras. A cada ano cresce o número de mulheres que procuram atividades de lutas e artes marciais para dominar técnicas de defesa pessoal.
 
Esse movimento ganhou ainda mais repercussão nesta semana, quando um vídeo de uma lutadora de MMA que imobilizou um assaltante com técnicas de artes marciais viralizou na internet. As imagens foram gravadas na cidade de Açailândia, no Maranhão. Em agosto, outro vídeo de uma mulher que "finalizou" o próprio namorado na porta de uma boate, em Belém, no Pará, evitando que ele entrasse em uma briga, também foi visto por centenas de milhares de pessoas.

A Associação Brasileira de Academias (Acad) foi procurada pela reportagem do Hoje em Dia, mas não repassou dados sobre o aumento das modalidades nos últimos anos. Contudo, é perceptível o crescimento do interesse de mulheres por técnicas de defesa pessoal e de luta em todo o país.
 
E não é para menos. Levantamento do Mapa da Violência mostra que aproximadamente de 91 mil mulheres foram assassinadas no país entre 1980 e 2010, sendo que quase metade ocorreu na última década. O balanço, realizado pelo Instituto Sangar, coloca Minas Gerais como o 19º estado mais perigo para o sexo feminino
 
Segurança
 
Em geral, a mulher tem 50% da força física do homem. Contudo, o professor de krav maga Beny Schickler garante que com técnicas de defesa pessoal uma mulher consegue imobilizar qualquer homem. "Dá para atingir pontos sensíveis do corpo do inimigo, como olhos, pescoço, região genital, nariz e coluna cervical. Assim, você iguala a diferença de força bruta e dá condição da pessoa muito mais fraca se defender", explicou.
 
De acordo com o professor, a única finalidade do krav maga é a defesa pessoal e qualquer pessoa, independente do sexo, peso, tamanho ou idade, pode praticar a modalidade. Na academia, além da defesa, Schickler realiza treinamento com técnicas de comportamento de segurança. "A melhor coisa seria não precisar usar o krav maga, seria o mais inteligente. Mas em situações de risco, em que a pessoa não tem mais nenhuma opção, ela pode usar as técnicas".
 
Ele lembra que uma coisa é a pessoa levantar a faca para assaltar. Nesse caso, o mais recomendável é não agir. "Quando tem opção não se deve reagir e sair bem da situação". No entanto, há situações em que o agressor tem intenção de esfaquear a vítima. "Nessa segunda opção, se você não reagir, você vai morrer", exemplifica.
 
A mesma orientação é passada pela Polícia Militar de Minas Gerais. Conforme o major Gilmar Luciano, chefe da sala de imprensa da PM, a corporação sempre adota a postura por vida. "Em circunstância de assalto, a pessoa deve buscar a própria segurança, nunca tentar reagir ou pular em cima do assaltante. Ela deve tentar se proteger. Estando segura, acionar o Estado, que é o responsável pela segurança pública", recomendou. "Só em última instância, quando for necessário salvar a própria vida ou a vida de terceiros, que você deve se expor", orientou.
 
Defesa
 
A professora Josiane Militão, de 47 anos, treina krav maga há três anos influenciada pelo marido. Hoje, ela se sente mais confiante em andar na rua. "Nunca precisei usar, mas se for necessário, usarei", observou. A docente destaca as técnicas de segurança adquirida. "Primeiro você tem que evitar situações de risco", observa.
 
A universitária Carol Fernandes, de 24 anos, acha fundamental saber se defender. "Principalmente para as mulheres aprender a se defender". A estudante faz as aulas há dois anos e destaca o fato do treino ser misto, entre homens e mulheres. "A consciência corporal que você desenvolve te ajuda a lidar melhor com estar na rua.  Hoje me sinto muito mais confiante e muito mais segura",  confidenciou.
 
Hobbie

Pamella Berzoini treina há 5 anos e não se intimida na frente de um homem (Foto: Facebook/Reprodução)

 
A jornalista Pamella Berzoini, de 29 anos, começou a treinar kick boxing há cinco anos. Desde então, já praticou boxe e, atualmente, faz muay thai. Ela procurou atividades de lutas por hobbie, mas com as técnicas aprendidas nas academias garante não se intimidar na frente de um homem. "Se o cara tiver armado, claro que não vou fazer nada. Mas se tiver um homem me afrontando, não tenho medo", confidencia.
 
Ela ressalta, entretanto, não ter intenção de machucar um possível agressor. "A gente aprende a respeitar o outro. Mas se precisar, o instituto de defesa fala mais alto", disse. Esse instituto fez Berzoini imobilizar um rapaz que tentou abordá-la em um show. "O cara pegou no meu braço e eu o imobilizei".

Confira abaixo o vídeo da mulher que imobilizou um assaltante.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por