(Arte HD)
A conclusão do inquérito da Polícia Civil sobre o rompimento da barragem de Fundão surpreendeu os moradores de Mariana. Embora já presumissem que a ruptura da estrutura, em novembro de 2015, não houvesse sido um mero acidente – como a Samarco chegou a declarar –, ninguém imaginava que a tragédia poderia ter sido evitada.
Segundo o prefeito da cidade, Duarte Júnior, as pessoas acreditavam que a mineradora zelava pela segurança do município.
“Pelas informações que chegaram até mim, percebi que provavelmente tinha ocorrido alguma falha por parte da empresa. Só não esperava que eles estavam cientes do perigo e não tomaram providências para impedir todo esse desastre. Fiquei perplexo”, desabafou.
Ainda que todas as provas da corporação, até agora, apontem para a culpa da Samarco, Duarte Júnior ressalta que respeita o direito de defesa dos envolvidos e que quer ouvir a versão que por eles será apresentada.
Estabilidade
Desde essa quarta (24), o inquérito da Polícia Civil que apurou as causas da tragédia está nas mãos do Ministério Público. O promotor Antônio Carlos de Oliveira, de Mariana, analisa o documento e dará um parecer favorável ou contrário ao pedido de prisão preventiva de seis funcionários da mineradora, bem como de um engenheiro da Vogbr, responsável pela declaração de estabilidade da barragem.
Embora Antônio Carlos tenha um prazo de 30 dias para concluir esse trabalho, ele informou que pretende agilizar o serviço, dando um posicionamento até esta sexta (26).
Só então o inquérito será encaminhado a um juiz do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. O magistrado levará em consideração o posicionamento da Polícia Civil e do Ministério Público, no entanto, terá autonomia para tomar a própria decisão sobre o pedido de prisão dos sete indiciados.
Repercussão
A possibilidade de que funcionários da Samarco fiquem atrás das grades não mexeu com os moradores de Bento Rodrigues, um dos distritos mais afetados pelo rompimento da barragem.
“Se a Justiça concluir que eles são culpados, quero sim que paguem pelo erro. Mas, neste momento, isso não é o mais importante. Nossa prioridade agora é garantir o pagamento de nossos direitos”, disse José do Nascimento de Jesus, representante da comunidade.
Segundo o prefeito de Mariana, Duarte Júnior, a Samarco ainda não deu nenhum retorno sobre o repasse dos royalties da mineração ao município
55 milhões de metros cúbicos de rejeitos estavam armazenados na barragem de Fundão
34 milhões de metros cúbicos de rejeitos extravasaram da barragem de Fundão em novembro de 2015