Noivos cobram respostas para casamentos cancelados na Igrejinha da Pampulha

Ernesto Braga
eleal@hojeemdia.com.br
18/11/2016 às 20:12.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:43

O sonho de subir ao altar na Igreja São Francisco de Assis, a mais famosa de Belo Horizonte, virou pesadelo para muitos casais. Mas, se antes os noivos evitavam falar do assunto e até pregavam o anonimato, agora eles acirram a cobrança por respostas diante de tanta angústia e frustração. A indefinição dos casamentos marcados para 2017, inclusive, será tema de uma audiência pública na semana que vem.

O motivo é a reforma que será feita na Igrejinha da Pampulha, parte do conjunto arquitetônico elevado a patrimônio cultural da humanidade.

O drama dos noivos com casamento marcado na Igrejinha da Pampulha será tema de audiência pública da Assembleia Legislativa, nesta segunda-feira (21)

 Nascida em BH, Nayra Soares, de 30 anos, mora no Texas, nos EUA. O casamento da biomédica com Bruno Nadalin, de 35, natural de São Paulo, foi marcado para 17 de novembro do ano que vem. Todo o planejamento que eles fizeram foi por água abaixo com a notícia que a noiva recebeu de sua cerimonialista.

“Quando fui comunicada do cancelamento, tentei falar infinitas vezes com a Arquidiocese (de BH), mas não consegui. Depois eles me ligaram dizendo que não vai ter mais casamento. Tudo mudou. Estou aqui do outro lado do mundo sem saber se vou realmente me casar”, lamentou Nayara, por telefone, em Houston.

Ela pretende entrar na Justiça com ação por danos morais e materiais. “Quando fui marcar a data da cerimônia, me disseram que a agenda estava fechada para 2018 por causa da reforma. Se tivessem me informado que seria no ano que vem, teria pensado em outro lugar. Minha família mora em BH, por isso resolvi me casar na igreja que representa a minha cidade”, diz Nayra, que chegou a assinar contrato com o salão para receber os convidados.

Convidados a caminho

Há mais de dois anos, a belo-horizontina Carolina Moreira Pereira, de 28, marcou o casamento com Emílio Otsuro para 30 de abril de 2017 na Igrejinha da Pampulha. Ela ainda não foi comunicada oficialmente do cancelamento da cerimônia.

“Tentei marcar uma reunião na Arquidiocese, mas não consegui. Meu noivo é de São Paulo e alguns convidados que moram lá já compraram passagem para BH. Também já acertamos com o salão de festa e o local onde nossos amigos ficarão hospedados”, afirma a contabilista.

A igreja é muito representativa na vida dos noivos. “Foi o primeiro lugar que eu o levei para conhecer em BH e ele me pediu em casamento dentro da Igrejinha da Pampulha”, relembra Carolina.

Ela tem passado a maior parte do tempo em São Paulo, dando os últimos ajustes no apartamento onde vai morar com Emílio. Ontem, Carolina desembarcou em BH com o objetivo de definir o futuro do casal.

Maria Tereza Borges, de 32, e Rafael Rocha, de 30, moram em Três Lagoas (MS) e também estão à espera de uma resposta oficial. O casamento deles está marcado para 3 de novembro do ano que vem. 

“Escolhemos a Igrejinha da Pampulha pelo tombamento recente. É frustrante, porque convidamos muita gente e fizemos todo um planejamento”, lamenta a noiva.

Arquidiocese oferece celebrações em outros templos ou onde os convidados forem recebidos

Caso a reforma na Igrejinha da Pampulha não seja iniciada neste ano, a Prefeitura de BH terá que devolver os R$ 1,7 milhão repassados pelo governo federal, por meio do PAC das Cidades Históricas.

“O início das obras é adiado há dois anos. Mesmo com todos os ofícios feitos à Arquidiocese, até 20 dias atrás ainda estavam sendo marcados casamentos”, critica Leônidas Oliveira, presidente da Fundação Municipal de Cultura.

Por meio de nota, a Arquidiocese de BH informou que “a oficialização das obras de revitalização da Igreja São Francisco de Assis ocorreu apenas neste ano (meados de setembro). Assim, foram agendados anteriormente à comunicação oficial matrimônios para 2017, coincidindo com a reforma”.

Solução

Segundo a Arquidiocese, “os casais que agendaram as celebrações não ficarão desamparados”. “A Igreja está, desde o início, empenhada em buscar a melhor solução”, destaca a nota.

A Arquidiocese afirma que “os casais que agendaram o casamento para depois de dezembro estão sendo recebidos na Cúria Metropolitana pelo bispo auxiliar dom Edson Oriolo”.

“Uma das possibilidades é a realização do matrimônio em outros templos de reconhecida importância histórica, cultural e arquitetônica (de BH). Em caráter de excepcionalidade, também poderão ser organizadas celebrações no local onde os convidados serão recepcionados”, conclui.

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