Nova pesquisa atesta eficácia de vacina contra a dengue

Flávia Ivo* - Enviada especial
fivo@hojeemdia.com.br
23/05/2017 às 20:01.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:41

SÃO PAULO – Estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que a introdução da vacina contra a dengue no Brasil pode reduzir em até 80% os casos da doença.

O levantamento considerou a estimativa que, ao longo de dez anos, o país terá 18,7 milhões de ocorrências da enfermidade. A pesquisa, publicada no Jornal Brasileiro de Economia da Saúde na última sexta-feira, avaliou duas estratégias de vacinação.

a imunização na rede pública de saúde

Em primeiro lugar, uma campanha para imunizar indivíduos de 10 a 16 anos, seguida por vacinação anual de crianças de 9. Nesse contexto, a queda estimada de casos seria de 49%, com o total de 9,5 milhões de doentes.

Outra simulação apresenta os possíveis resultados para uma campanha voltada para o público-alvo de 10 a 25 anos, também acompanhada de rotina aos 9 anos. Na conjuntura, a redução chegaria a 80%, passando de 18,7 milhões para 3,8 milhões de casos.

“A análise nos grupos projetados mostrou que haverá uma redução da prevalência da doença e diminuirá os custos para a saúde pública”, destaca Rafael Araújo, gerente de Economia da Saúde da Sanofi Brasil, empresa responsável pelo desenvolvimento da primeira vacina contra a dengue, já aprovada pela Anvisa.

Sob a perspectiva do Sistema Único de Saúde (SUS), o estudo “Custo-efetividade da vacinação contra dengue no Brasil” apresentou que a vacinação evitaria de R$ 1,3 bilhão a R$ 2,1 bilhões em custos, pensando nos dois grupos levantados.

Quando expandido para a sociedade brasileira, esse total estaria entre R$ 4,7 bilhões a R$ 7,4 bilhões. Aqui, além dos custos do SUS, incluem-se os danos econômicos da dengue que, por exemplo, foi a quinta causa de afastamento do trabalho em 2015, conforme pesquisa da consultoria Gesto Saúde e Tecnologia.

“A vacinação bem orientada contra doenças causadas por agentes biológicos infecciosos, com certeza provocará uma redução do absenteísmo”, afirma a presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt), Márcia Bandini.

Efeito

A vacina contra a dengue já está disponível no Brasil, ainda na rede particular. Segundo a previsão otimista de especialistas, ela estará acessível pela saúde pública em 2020.

O Paraná é o único Estado a custear a imunização dos moradores. Conforme o secretário de Saúde paranaense, Michele Caputo Neto, a primeira das três doses necessárias do fármaco foi aplicada nos meses de agosto e setembro de 2016, a segunda em março deste ano e a terceira está prevista para setembro.

Até o momento, o Estado aplicou 453 mil doses na faixa etária de 15 a 27 anos, nos 30 municípios com o maior número de casos. Especialmente, em dois deles, a cobertura foi ampliada dos 9 aos 45 anos, de acordo com a indicação do fabricante Sanofi Pasteur.

Para a implantação da vacina, foram investidos R$ 300 milhões. “As pessoas que comandam o poder público não conseguem visualizar a importância do investimento em vacinas diante das crises econômica, política, ética e moral que vivemos, mas o combate à dengue é uma verdadeira guerra e deve ser tratado assim”, afirma Caputo Neto.

Transversal
O secretário, que também é presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), destaca, ainda, que a preocupação com a doença não deve ser somente das pastas de Saúde e, sim do conjunto governamental. “As autoridades têm que entender que o enfrentamento da dengue é transversal”, diz.

Mesma ideia tem João Bosco Siqueira, epidemiologista e doutor em medicina tropical da Universidade Federal de Goiás. “Metade da população mundial vive em áreas urbanas, frequentemente com condições inadequadas de infraestrutura, isso favorece a proliferação de doenças”, destaca.

* Viajou a convite da Sanofi Pasteur

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