Obra faz rua ceder no Cruzeiro e obriga moradores a deixarem apartamentos

Renata Evangelista - Hoje em Dia
24/12/2013 às 18:36.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:00
 (Flávio Tavares/Hoje em Dia)

(Flávio Tavares/Hoje em Dia)

Moradores de dois prédios do bairro Cruzeiro, região Centro-Sul de Belo Horizonte, tiveram que deixar seus apartamentos, na tarde desta terça-feira (24), após a rua Cabo Verde começar a ceder. O Corpo de Bombeiros esteve no local e, por questão de segurança, evacuou os edíficios Andrea e Tiago. Os dois foram interditados e um terceiro, o Afonso Lamounier Júnior, ficou sob alerta.  No fim da tarde, o tenente Daniel Silva, do 1º Batalhão dos Bombeiros, descartou o risco de desabamento. No entanto, somente depois das conclusões dos trabalhos de vistoria os moradores puderam voltar para suas casas. "Tivemos que fazer o isolamento da rua para evitar o tráfego de veículos pesados. Além disso, precisamos evacuar dois prédios a fim de preservar vidas".   Segundo os moradores, a construção de um prédio comercial no cruzamento das ruas Cabo Verde com Muzambinho teria ocasionado o problema. Devido à obra, várias fisuras, algumas com mais de dez metros, se abriram na rua Cabo Verde durante a tarde. Um poste da Cemig perdeu a sustentação, inclinou e ameaçava cair.   Agentes da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) colocaram cimento para conter a abertura de rachaduras. Durante os trabalhos, houve rompimento de um cano da Copasa e a água começou a jorrar em meio ao barro provocado pela abertura da via.   Por causa do problema no poste, a energia elétrica da região precisou ser cortada pela Cemig. No fim desta tarde, ele foi removido e colocado do outro lado da rua. Só então a luz foi restabelecida.   As vítimas creditam o problema à obra que estaria ocorrendo de forma irregular e a possível negligência da PBH em não embargar a construção. No terreno onde acontece a construção do prédio comercial a 25 metros de desnível. Um dos responsáveis pela obra, Gustavo Lourenço Valadares Gontijo, confirmou que os problemas foram provocados pela estaca. Contudo, ele reforçou que a edificação está dentro das normas técnicas.   O gerente de manutenção da regional Centro-Sul, Oscar Augusto Durval da Silva, disse que a empresa já foi multada mas o valor não foi revelado. Ele garantiu também que a construtora será notificada novamente na próxima quinta-feira (26). Além disso, segundo o funcionário da PBH, a obra pode ser embargada.   No final da tarde, após avaliação da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil (Comdec) e do Corpo de Bombeiros, os moradores foram autorizados a retornarem a seus apartamentos.   Problema recorrente   "O problema na rua Cabo Verde é antigo, começou há quase dois anos, quando a construtora Edifíca demoliu a casa da esquina para erguer o prédio. Primeiro que eles não solicitaram vistoria no local. Depois da demolição, deixaram o entulho por meses no terreno. Aqui virou cracolândia. Tivemos que pedir para eles murarem o lote vago. Quando começou a fundação do terreno, eles batiam estaca. Houve trincas em um dos prédios residenciais. Essa é a segunda vez que a rua afunda". O relato é da moradora do edifício Afonso Lamounier Júnior, Lilian Wendorff. Funcionária pública de 55 anos, que mora na rua Muzambinho, está com receio de voltar para sua casa.  

Foto: Flávio Tavares/Hoje em Dia)   Conforme ela, militares dos bombeiros alertaram sobre o risco do possível desabamento, que foi descartado depois, mas o medo permanece. "É um absurdo. Belo presente de Natal que tivemos. Tivemos que gastar nossas economias para contratar um engenheiro particular. Ele elaborou um laudo que apresentamos ao Ministério Público e a prefeitura. Apesar de todo o susto, o pior é perder nossa vidas", afirmou Lilian.   A bióloga Silvana Félix de Assis, de 55 anos, moradora do edificío Tiago, recebeu a cunhada, que veio de Londres para passar o Natal no Brasil, mas a comemoração não será como esperada. "Fiquei em estado de choque com tudo isso", lamentou.   O engenheiro civil e perito Lincoln Dias Oliveira, contratado pelos moradores, apontou pelo menos um erro cometido recentemente pelos responsáveis pela obra. "A construção foi embargada por cerca de seis meses. Há três foi retomada, justamente no período mais crítico, de forte chuva".    Segundo ele, após reunião no Ministério Público Estadual (MPE) foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), mas o especialista não soube dizer se todas as recomendações foram seguidas.   Veja a galeria de fotos dos estragos na rua Cabo Verde  

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